7 dos 10 do mensalão no semiaberto pedem autorização para trabalhar

Condenados ao semiaberto podem trabalhar de dia e dormir na cadeia.
Eles querem atuar em sindicatos, hospitais, advocacia e contabilidade.

A oportunidade de passar o dia fora da cadeia e abater o total da pena estimulou sete dos dez condenados à prisão em regime semiaberto no processo do mensalão a pedir à Justiça autorização para trabalhar (saiba como é a rotina do preso que trabalha).

Os locais e funções variam. Há solicitações para atuar em sindicato, hospitais, empresas de advocacia e engenharia. A remuneração para o trabalho também é “elástica” entre os pedidos feitos pelos condenados no mensalão – vai de R$ 1,25 mil a R$ 7,5 mil por mês.

De acordo com a Lei de Execução Penal, para cada três dias de trabalho, com jornada de seis a oito horas, abate-se um dia da pena. Somente os presos condenados a menos de oito anos de prisão, que cumprem o regime semiaberto, podem ter o benefício de sair durante o dia para exercer alguma atividade.

José Dirceu
Depois de gerar polêmica com pedido para trabalhar como gerente do hotel Saint Peter, em Brasília, com salário de R$ 20 mil, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu desistiu do pleito e se contentou em aceitar emprego com pagamento mais modesto – R$ 2,1 mil.

Condenado pelo Supremo Tribunal Federal por corrupção ativa e formação de quadrilha, Dirceu aguarda autorização da Vara de Execuções Penais do Distrito Federal (DF) para trabalhar no escritório do advogado José Gerardo Grossi.

Entre as funções que deverá exercer está a de “cuidar” da biblioteca do escritório, realizar “eventual pesquisa de jurisprudência” e colaborar “na parte administrativa”. Advogado requisitado por políticos influentes de Brasília, Grossi defende o deputado federal Eduardo Azeredo (PSDB-MG) no processo do chamado mensalão mineiro.

Se admitido, Dirceu trabalhará de 8h às 18h, com intervalo para almoço entre 12h e 14h, alternadamente com outros funcionários. O escritório fica no Setor Bancário Sul, no centro da capital federal.

Pedro Henry
Salário mais elevado será pago ao ex-deputado federal Pedro Henry (PP-MT), autorizado na última quarta (8) a atuar como coordenador de Clínica Médica do hospital particular Santa Rosa, em Cuiabá.

Condenado a 7 anos e 2 meses de prisão no regime semiaberto, o ex-parlamentar receberá pelo trabalho uma remuneração mensal de R$ 7,5 mil.

Com o uso de tornozeleira eletrônica, Henry exercerá a função das 7h às 17h, de segunda a sexta-feira. O ex-deputado é médico legista e deixou o cargo público há quase 20 anos para ingressar na política.

Delúbio Soares
O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares pediu para trabalhar na Central Única dos Trabalhadores (CUT) de Brasília, na área de “organização sindical”.

Condenado a 6 anos e 8 meses por corrupção ativa, o petista receberá, se autorizado, entre R$ 4 mil e R$ 5 mil para atuar no assessoramento aos sindicalizados. O período de trabalho é de 8h às 18h.

Romeu Queiroz
O ex-deputado Romeu Queiroz (PTB-MG) quer continuar exercendo o cargo de diretor-presidente na RQ Participações, empresa de consultoria de sua propriedade, em Belo Horizonte. O ex-parlamentar foi condenado a seis anos e seis meses por dois crimes – corrupção passiva (dois anos e seis meses) e lavagem de dinheiro (quatro anos).

Jacinto Lamas
O ex-tesoureiro do extinto PL (atual PR) Jacinto Lamas deverá voltar a atuar na área de contabilidade se tiver o pedido para trabalho externo deferido pelo Supremo Tribunal Federal.

Ele quer receber salário de R$ 1,25 mil para atuar como assistente administrativo em uma empresa de engenharia.

Conforme a solicitação feita ao STF, Lamas trabalharia nas funções de controlar contas a pagar, emitir notas fiscais, controlar os recebimentos da empresa, coordenar o trabalho de logística, organização de arquivos, esclarecer dúvidas sobre a parte financeira, entre outras.

No processo, documento assinado pela empresa Mísula Engenharia diz que o ex-tesoureiro passou por entrevista no dia 16 de setembro e foi aprovado. A empresa afirma conhecer a situação de Jacinto Lamas e explica que ele trabalhará das 8h às 18h, com uma hora de almoço. Além do salário de R$ 1.250 por mês, ele terá direito a vale-transporte e R$ 11 por dia de vale-refeição.

Pedro Corrêa
Condenado a 7 anos e dois meses de prisão no regime semiaberto, o ex-deputado Pedro Corrêa “avalia propostas de emprego”, segundo o advogado Plínio Nunes.

Enquanto isso, ele vai trabalhar no Centro de Ressocialização do Agreste, no município de Canhotinho, no agreste de Pernambuco.

A unidade de regime semiaberto oferece aos internos serviços em uma pedreira, serralharia, carpintaria, piscicultura, casa de farinha, produção de hortifrutigranjeiro, além da criação de gado, ovinos e caprinos.

Ainda não pediram
Outros três condenados ao regime semiaberto que já tiveram mandados de prisão executados ainda não protocolaram pedido para trabalhar durante o dia – os ex-deputados Valdemar Costa Neto e Bispo Rodrigues e o advogado Rogério Tolentino. A defesa de Tolentino já adiantou que ele pretende atuar na área da advocacia.

O ex-deputado José Genoino (PT-SP), condenado a 6 anos e 11 meses de prisão, cumpre temporariamente a pena em casa, em razão de problema de saúde. Ele tenta obter do Supremo Tribunal Federal autorização para cumprir toda a punição em regime domiciliar.

Do G1

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