PM avalia que primeira operação ‘Tropa do Braço’ foi ‘um sucesso’
Ao todo, 262 pessoas foram detidas em ato no Centro de São Paulo.
PM pediu desculpas por eventuais ‘falhas de atuação’ contra jornalistas.
O comandante da PM no Centro de São Paulo considerou que a operação que terminou com 262 detidos, ocorrida na tarde de sábado (22), foi um sucesso. Todos foram liberados neste domingo (23). A ação, ocorrida durante protesto contra a Copa, foi a primeira que envolveu a “Tropa do Braço” – um grupo de 140 policiais sem arma de fogo e especializados em artes-marciais, principalmente jiu-jitsu.
” A operação foi um sucesso. Houve menos danos, menos policiais e civis feridos e menos confrontos”, disse o coronel Celso Luís Pinheiro. Segundo a PM, sete pessoas ficaram feridas: cinco policiais e dois manifestantes. Além disso, ele afirmou que foram usadas poucas bombas de gás lacrimogêneo e nenhuma bala de borracha.
O comandante também pediu desculpas por policiais impedirem o trabalho de jornalistas, inclusive detendo alguns deles, durante a manifestação.
“Gostaria de pedir escusas a todos os senhores aqui se eventualmente houve alguma falha de atuação por parte da Polícia Militar.” Os jornalistas questionaram o fato de terem sido proibidos de fazer imagens. O policial afirmou que isso não poderia ocorrer, e que se algum profissional se sentiu lesado poderá registrar ocorrência.
Ele disse que em um protesto como aquele, que envolveu cerca de 1.500 manifestantes, segundo a corporação, e 2,3 mil PMs, ficou difícil diferenciar quem era black bloc e quem era jornalista. Ele exemplificou essa dificuldade citando o uso de capacetes e de óculos de proteção por parte de alguns jornalistas, o que cobria o rosto dos profissionais, e o fato de manifestantes se identificarem como repórteres na hora da prisão.
Uma das alternativas apresentadas pelo comandante foi o uso de coletes distribuídos pela própria corporação com a palavra imprensa estampada. Poucos jornalistas estavam com esse equipamento. Um deles relatou, porém, que foi revistado cinco vezes por PMs, apesar do colete.
Questionado sobre a presença de alguns PMs sem o nome na lapela, o coronel disse que estes desobedeceram ordens. “Era para todos estarem identificados.”
Antes de começar a entrevista, o coronel pediu a todos os jornalistas e policiais que fizessem um minuto de silêncio em homenagem ao cinegrafista Santiago Andrade e aos “mais de 2.780 policiais militares que faleceram desde 1991 em serviço ou fora dele.
Protesto
Esse foi o segundo ato contra a Copa do Mundo feito em 2014 na capital paulista. O primeiro, que aconteceu no dia 25 de janeiro, aniversário da cidade, teve 135 detidos e um jovem de 22 anos baleado por policiais militares.
Convocado pela internet, o protesto “Não vai ter Copa” teve início às 17h de sábado (22), na Praça da República, em frente à Secretaria de Educação do Estado. A concentração fez com que a Feira da República fechasse mais cedo. Por volta das 18h já havia mil manifestantes caminhando pelo Centro, segundo a PM.
A PM agiu quando o protesto chegou perto de uma das entradas da estação Anhangabaú do Metrô, na Rua Coronel Xavier de Toledo. “Esse foi o exato momento em que o serviço de inteligência verificou que haveria quebra de ordem”, disse o coronel. Houve correria e manifestantes foram detidos para averiguação. Com a ajuda de escudos e carros da corporação, policiais bloquearam a Rua 7 de Abril.
Por volta das 18h40, um grupo de mascarados, alguns deles carregando pedaços de pau, começou a quebrar portas de agências bancárias e orelhões, e a polícia usou bombas de efeito moral. Perto do Theatro Municipal, algumas pessoas atearam fogo a sacos de lixo.
Ainda segundo a Polícia Militar, foi encontrado um coquetel molotov dentro de uma mochila deixada na estação Ana Rosa do Metrô. Câmeras de segurança captaram o momento em que a bagagem foi deixada, segundo a PM.
‘Tropa do Braço’
A PM usou policiais especializados em artes marciais para acompanhar de perto a manifestação. Eles carregavam capacetes, cassetetes e algemas.
Ao longo do trajeto, seguiram em fila ao lado dos manifestantes. Quando houve o primeiro tumulto, os policiais fizeram um círculo e isolaram boa parte dos detidos para averiguação. Além da “Tropa do Braço”, policiais de outros grupamentos que normalmente participam de controles de distúrbios com uso de armas não letais, como Rocam e Força Tática, seguiram o ato.