Em PE, obras de casas para vítimas de enchentes estão paradas
Unidades deveriam ter sido entregues em Barreiros no fim do ano passado.
Habitações fazem parte do Programa Minha Casa, Minha Vida.
As obras de construção de 1.500 casas destinadas às vítimas das enchentes que atingiram Barreiros, na Mata Sul do estado, em 2010, estão paradas desde janeiro. As casas fazem parte do Programa Minha Casa, Minha Vida, do Governo Federal, e deveriam ter sido entregues no fim do ano passado.
O loteamento Santa Clara fica na parte alta da cidade. As 1.500 casas têm 41 metros quadrados, dois quartos, sala, banheiro e cozinha. A obra, de R$ 35 milhões, tem financiamento da Caixa Econômica Federal.
Barreiros foi uma das cidades mais castigadas pelas enchentes. Nos bairros ribeirinhos, só os telhados das casas não foram cobertos pela água. As casas novas deveriam ter sido entregues no final de 2013 e a maioria está quase pronta. Faltam as portas, as louças sanitárias e as pias. Também é preciso ligar as redes de energia e de abastecimento de água.
A empresa responsável pelas obras demitiu os funcionários, levou os equipamentos e deixou centenas de casas inacabadas. O mais grave é que algumas casas nem ficaram prontas e já estão condenadas.
Pelos menos seis casas ficam a menos de dois metros de uma barreira, com altura de 100 metros, que está sendo tomada pela erosão, representando uma grande ameaça.
A erosão aparece em outras partes do terreno. Uma casa que ficava ao lado da barreira foi demolida. Sacos de areia e pedras não foram suficientes para conter o problema. Em um trecho, a cerca de arame ficou sem sustentação e caiu.
Apenas um vigilante foi encontrado no local pela reportagem da TV Globo. José Zeferino da Silva trabalhava na obra como ajudante de pedreiro e agora anda de um lado para o outro para evitar que as casas sejam depredadas. “Vem muita gente para querer bagunçar e eu trabalho desarmado, só com uma faquinha no quarto e um cacetezinho. Eu peço e o pessoal diz ‘tá certo’. Não incomoda muito mas o perigo é grande”, conta.
Além das casas inacabadas, a Prefeitura de Barreiros mandou um ofício para a Caixa Econômica Federal em setembro do ano passado, relatando que as ruas já estão cheias de buracos. “Nós comunicamos à Caixa Econômica federal que existiam irregularidades em alguns assentamentos e estamos esperando providências”, afirma o prefeito de Barreiros, Carlos Arthur. “Eu acho um descaso o dinheiro público ser abandonado assim”, lamenta.
A Egesa, construtora responsável pela obra, enfrentou dificuldades financeiras e não conseguiu terminar os dois últimos loteamentos.
“Aquelas obras serão retomadas por outra empresa que está sendo contratada também pela Caixa Econômica, que é a gestora do empreendimento”, explica o presidente da Cehab, Flávio Figueiredo.
Não há um prazo previsto para a conclusão e entrega das casas.
Para quem perdeu tudo na enchente, a espera é longa demais.
Alexandra Nascimento é canavieira, tem três filhos e mora de favor nos fundos da casa do pai. O que ela chama de lar foi construído com restos de outras casas atingidas pelas enchentes. “Essa casa é muito importante, porque o que eu passei nessa enchente… eu sofri demais. Até agora eu espero do governo que mande essa casa para a gente sair daqui, mas tá difícil”, lamenta.
Respostas
A construtora Egesa Engenharia informou que quando as obras pararam, em janeiro deste ano, cerca de 200 operários trabalhavam no local. E que o serviço não foi concluído em razão da defasagem do preço das unidades habitacionais.
A construtora disse que a obra teve início 14 meses depois da assinatura do contrato, devido ao atraso na liberação do terreno. E o cronograma teve de ser revisto por causa das condições climáticas e da dimensão do projeto. Mas esse contrato não previa o reajuste do preço das unidades. A Egesa disse ainda que essa defasagem de preço, de cerca de 30%, fez com que o empreendimento se tornasse inviável fincanceiramente.
A Caixa Econômica Federal informou que está selecionando uma nova empresa para finalizar as obras. E que após a contratação dessa nova construtota, a previsão de entrega das casas é de seis meses. A Caixa disse ainda que a seleção das famílias beneficiadas é de responsabilidade das prefeituras.