Apesar de impasse no Congresso, EUA devem honrar compromissos

Para economista de Wall Street, republicanos não levarão paralisação às últimas consequências

A novela sobre a negociação do teto da dívida dos EUA — que causou, entre outros problemas, a paralisação de parte do funcionalismo público — está longe de acabar no Congresso americano, em função do domínio republicano na câmara dos deputados federais.

Entretanto, a batalha travada em Washington dificilmente será levada às últimas consequências: para economistas, um calote do governo é bastante improvável.

O diretor e chefe do departamento de pesquisa das Américas do Standard Chartered, em Nova York, Daniel Tenengauzer, disse ao R7 que essa não será a primeira nem a última vez que o presidente terá que negociar o teto da dívida dos EUA com o Congresso.

Para ele, desde 2011, quando os republicanos se tornaram maioria na câmara federal dos representantes em Washington, o teto da dívida do país tem sido uma ótima ferramenta da oposição para pressionar o governo democrata de Barack Obama.

Entretanto, Tenengauzer não crê que o calote seja uma opção real.

— Eu não quero soar muito otimista, mas as pessoas não estão entendo que, desde a semana passada, não há mais risco de calote! [Os republicanos] já falaram na quinta-feira passada que eles darão um prazo até o dia 22. A data do dia 17 de outubro é uma mera formalização, pois, quando chegar a hora e nada for resolvido, eles farão a extensão até novembro.

Na verdade, ele afirma que o debate atual é sobre se o teto da dívida será estendido apenas até o dia 22 de novembro — proposto pelos republicanos como data provisória — ou se esta prorrogação será até o começo do próximo ano.

— O mercado estava estressado porque não se sabia se os republicanos iriam levar a paralisação até a última consequência. Mas, na semana passada, diante desse estresse, o partido se comprometeu a estender o prazo até pelo menos o dia 22 de novembro.

Robert Shiller, premiado na segunda-feira (14) com o Nobel de economia, também refutou qualquer possibilidade de calote por parte do governo americano. Ele afirmou que “provavelmente nada acontecerá de sério”.

— Acho que a crise será resolvida. Não veremos um default [calote]. E, se virmos, será por um dia ou algo assim, inclusive se for por mais tempo, não é o fim do mundo.

Porém, é possível identificar que ainda existe uma ansiedade no mercado, já que o novo limite programado para o próximo mês ocorrerá em um período delicado para a economia dos EUA, poucos antes das festas de fim de ano, alegou Tenengauzer.

—Ninguém quer isso: chegar ao fim do ano e ter que negociar um tema tão delicado tudo de novo! A data do dia 22 de novembro é o pior caso; já é uma solução extrema. Agora, eles [democratas] estão tentando estender este limite para 2014 e conseguir assim mais tranquilidade para Obama.

Na opinião do economista, a incerteza toda está relacionada mais ao “desempenho final da economia americana”:

— O primeiro e segundo trimestre foram muito bons. O terceiro já estava mais fraco, os novos acontecimentos certamente não devem ajudar a média [de crescimento] do ano.

Do: R7

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