Bienal do Barro aporta em Caruaru para discutir arte feita no Agreste

Organizadores dizem que é o 1º evento do tipo a ser realizado no Brasil.

Bienal acontece em três espaços da cidade, de 12 a 19 de abril.

Para discutir e questionar a produção artística feita em barro, nada mais natural do que o centro das atenções se voltar para Caruaru, no Agreste de Pernambuco. Terra de artistas-chave sobre o assunto, como Mestre Vitalino, a cidade vai ter a oportunidade de ser envolvida por uma arte contemporânea que utiliza o material como matéria-prima, durante a I Bienal do Barro do Brasil. O evento vai reunir, de 12 a 19 de abril, artistas brasileiros que irão expor suas obras, além de levantar questões importantes, como a preservação artística da região.

Inédita no Brasil, a Bienal irá ocupar espaços antes negligenciados em relação ao uso artístico, como a Fábrica Caroá, no Pátio de Eventos da cidade. A ideia de presentear Caruaru com o evento vem sendo fomentada, desde 2006, pelo artista plástico Carlos Mélo, natural de Riacho das Almas, mas considerado caruaruense. Em coletiva de imprensa realizada no Recife, nesta quarta-feira (2), ele revelou que o trabalho desenvolvido é para perpetuar o barro como uma marca cultural do Agreste e que, como tal, possa ser reinventado.

Com a curadoria do carioca Raphael Fonseca, a primeira Bienal de Barro Brasileira surge com o tema “água mole, pedra dura” e se concentra nas atividades de 16 artistas – entre eles, a alagoana residente em Caruaru Presciliana Nobre, José Rufino e Daniel Murgel. “A cidade sempre teve uma cena cultural muito interessante, com nomes da música, teatro, mas sentia que faltava algo para as artes visuais. E a ideia da bienal surge não para vender e levantar peças, promover o artesanto, mas discutir a produção e até a ocupação de espaços como o Alto do Moura”, comentou Carlos.

Para abrigar todas as ações, a Bienal será dividida entre o Núcleo Contemporâneo (na Fábrica Caroá, com a exposição dos artistas) e o Núcleo Histórico (que ocupará o Sesc Caruaru, com instalações e oficinas). Um ciclo de atividades que Carlos Mélo vem realizando, como exposições em Belo Jardim e em Caruaru, sempre ligadas ao barro, foi o embrião da Bienal. Agora, ampliando a discussão, espera-se que a cidade realmente seja incorporada ao mundo das artes visuais de forma diferente, em variados suportes, sem ser apenas através da já tradicional arte figurativa.

Produção artística
“A gente procurou pessoas que trabalham de forma diferente, que tivessem discutindo questões interessantes para a Bienal e que pudessem lançar uma luz sobre a cena cultural do Agreste”, comentou Carlos Mélo, que, além de idealizador, é co-curador do evento.

Todos os artistas que irão expor seus trabalhos na Bienal passaram por uma espécie de residência artística no Alto do Moura, para poderem produzir um material mais íntimo com a região. Eles também buscaram a matéria-prima – o barro – no Vale do Ipojuca.

Dentre as intervenções presentes, está a de Presciliana Nobre, que irá produzir uma garrafa do seu tamanho, durante os dias do evento. Já o artista José Paulo irá utilizar 13 mil tijolos para produzir sua obra. A todo tempo, a promessa é de que os visitantes consigam interagir com o ambiente da Bienal.

No Núcleo Histórico, também haverá a exposição de fotografias de Pierre Verger, que fotografou artistas do Alto do Moura em 1947. É a primeira vez que a mostra chega em Caruaru, com 21 imagens selecionadas por Carlos Mélo.

A intenção dos organizadores também é perpetuar a Bienal pelos próximos anos, para que a discussão sobre a produção artísitca do Agreste não se acabe. Além disso, Carlos Mélo pretende realizar exposições sobre o barro durante todo ano. “Queremos que seja um evento que deixe uma herança grande para o povo de Caruaru, que não se acabe em si mesmo, porque há muitas questões de serem tratadas”, finalizou Melo. No dia de abertura do evento, toda a família do Mestre Vitalino estará presente para prestigiar.

Veja a programação completa da Bienal do Barro:

» Núcleo Histórico
Data: 12 de abril a 19 de maio
Horário de visitação: 9h às 21h
Local: Galeria de Artes Mestre Galdino – SESC de Caruaru – Rua Rui Limeira Rosal, s/n, Petrópolis
Programação: Exposição de fotografias de Pierre Verger – Verger e Vitalino
Instalação de obra da artista Presciliana Nobre – Loks
Data: 12 de abril
Horário: 17h
Local: Teatro Rui Limeira Rosal – SESC de Caruaru – Rua Rui Limeira Rosal, s/n, Petrópolis
Programação: Palestra com o curador Raphael Fonseca e o idealizador da Bienal, Carlos Mélo, com mediação de Valkiria Dias – O que é uma bienal? Por que uma Bienal do Barro?

» Núcleo Contemporâneo
Data: 12 de abril a 19 de maio
Horário de visitação: 10h às 17h
Local: Fábrica Caroá – Praça Coronel José de Vasconcelos, 100
Programação: Exposição com obras dos artistas Armando Queiroz, Clarissa Campelo, Daniel Murgel, Deyson Gilbert, Ivan Grilo, Jared Domicio, Jorge Soledar, José Paulo, José Rufino, Laerte Ramos, Leila Danziger, Luisa Nóbrega, Márcio Almeida, Marcone Moreira, Nadam Guerra e Presciliana Nobre

» Núcleo Educativo
Data: 8 de abril a 10 de maio
Local: Sesc Caruaru e Museu do Barro (Praça Coronel José de Vasconcelos, 100)
Programação: Oficinas com artistas da Bienal
O que é uma bienal, e porque uma Bienal do Barro? – Palestra com Raphael Fonseca e Carlos Mélo – Data: 12 de abril – Horário: 17h
Local: Teatro Rui Limeira Rosal – R. Rui Limeira Rosal, s/n, Petrópolis

 

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