Ex-diretor da Petrobras preso diz à PF ter recebido carro de luxo de doleiro
Range Rover foi pagamento por consultoria, afirmou Paulo Roberto Costa.
Jornal Nacional teve acesso a depoimento com exclusividade.
O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa disse em depoimento à Polícia Federal ter recebido um carro de luxo do doleiro Alberto Youssef em pagamento por um serviço de consultoria prestado, segundo ele, depois de ter deixado a estatal.
Costa e Youssef foram presos em março pela Polícia Federal durante a Operação Lava Jato, deflagrada para dissolver um suposto esquema de lavagem de dinheiro.
O Jornal Nacional teve acesso com exclusividade ao depoimento de Paulo Roberto Costa à PF, obtido pelo repórter Gerson Camarotti, da Globo News e do G1 (veja trecho do depoimento).
Costa, que falou aos policiais em 17 de março, três dias antes de ser preso, disse que trabalhou durante oito anos na Petrobras e, como diretor de Abastecimento, não conduzia os processos licitatórios. Ele também afirmou que não participou da escolha das empresas para atuar na construção da refinaria de Abreu e Lima, suspeita de superfaturamento, e que se limitou à elaboração do projeto técnico.
O ex-diretor disse que conheceu a empresa Sanko Sider Comercio, Importação e Exportação de Produtos Siderúrgicos Ltda., um dos alvos da operação Lava Jato, depois de aposentar, quando deixou a Petrobras, e que chegou a trabalhar para a empresa como consultor.
Costa declarou que conhece o doleiro Alberto Youssef desde quando ainda estava em atividade na Petrobras, mas que somente após sua aposentadoria foi procurado por ele para prestar serviços como consultor em mercado futuro.
Ele admitiu que parte da remuneração pelos serviços prestados ao doleiro foi paga com um carro de luxo, um Range Rover Evoque, avaliado em R$ 250 mil, que se encontra apreendido em um pátio da Polícia Federal no Rio de Janeiro.
No depoimento, o ex-diretor negou ter escolhido essa forma de pagamento como meio de evitar declaração à Receita Federal. Segundo ele, o veículo e outros honorários foram declarados.
À pergunta dos policiais sobre propina, Paulo Roberto Costa disse não ter conhecimento de que Alberto Youssef tenha feito o pagamento de comissão a qualquer pessoa.
Costa negou que estivesse destruindo provas quando foi preso. A Polícia Federal se surpreendeu com a ironia de uma frase anotada na agenda pessoal do ex-diretor da Petrobras e atribuída ao escritor Millor Fernandes: “Acabar com a corrupção é o objetivo supremo de quem ainda não chegou ao poder”.