Recife vacina quase 20 mil meninas contra HPV no 1º mês da campanha

Imunização contra a doença é exclusiva para meninas de 11 a 13 anos.
Sondagem mostra que 36,2 mil garotas estão na faixa etária da iniciativa.

O primeiro mês da vacinação contra o Papiloma Vírus Humano (HPV, na sigla em inglês), responsável por quase 95% dos casos de câncer de colo de útero no mundo, contou com aproximadamente 19,6 mil meninas entre 11 e 13 anos vacinadas no Recife. O dado, divulgado nesta quarta (9), foi contabilizado pela Secretaria de Saúde da capital até a última terça (8). A meta é vacinar 80% das 36,2 mil adolescentes nessa faixa etária, ao longo deste ano.

O trabalho de imunização ocorre nas Unidades de Saúde da Família (USF) e também em escolas públicas e particulares. “A ida às escolas é feita em parceria com os postos de saúde, o programa de imunização dá o suporte. A gente recebeu apoio das faculdades e escolas [de enfermagem], mas as enfermeiras das Unidades de Saúde da Família é que são as coordenadoras principais”, explica a coordenadora do programa de imunização do Distrito Sanitário 3 do Recife, Vânia Gonçalves.

No Distrito 3, que vai do Derby ao limite com a cidade de Paulista, incluindo bairros como Nova Descoberta, Casa Amarela e Casa Forte, foram vacinadas aproximadamente 6,7 mil das 9.460 meninas na faixa etária da campanha. “Temos 173 escolas, entre públicas, privadas e filantrópicas, com crianças nessa idade. Começamos no dia 24 [de março] a ida às escolas. Desde então, a procura nos postos tem diminuído”, aponta Vânia.

A coordenadora do programa de imunização do Recife, Elizabeth Azoubel, aponta que a procura tem sido boa, com situações das mais variadas enfrentadas pelos profissionais de saúde. “Tem gente procurando, gente que não está dentro dessa faixa e quer tomar de qualquer jeito a vacina, e gente que, por motivo religioso ou outras razões, não quer tomar. Tem colégio religioso que não permite a vacinação na escola”, enumera a coordenadora.

Na Escola Municipal Nilo Pereira, cerca de 30 meninas foram vacinadas. “O que a gente percebeu é que muitas já tinham tomado a vacina no posto, o que de certa forma mostra uma consciência dos pais. A recepção tem sido boa, mas recebemos um questionamento muito grande de porquê somente as meninas deveriam ser vacinadas.

Os pais querem que os meninos também sejam”, conta a diretora da unidade, Damáris Oliveira Diniz. O Ministério da Saúde esclarece que o objetivo da campanha é reduzir a incidência do câncer de colo de útero, por isso as meninas são o alvo da iniciativa.

As estudantes Raquel Oliveira, de 11 anos, e Ingrid Rodrigues, de 12 anos, ouviram sobre a importância da vacina com os professores de ciências da escola. “Eu tive medo de doer na hora, mas não doeu”, lembra Ingrid. “Sei que a vacina é importante para não pegar a doença. Uma amiga nossa não queria tomar, estava com medo, mas a gente falou com ela”, explica Raquel.

Conscientização
A coordenadora do programa de imunização do Recife lembra ainda a importância das ações de conscientização que fazem parte do programa. “A gente tem que fazer uma campanha educativa com essas meninas. Não é porque ela tomou uma vacina que está livre de tudo. Tem que continuar com os exames preventivos, e uso de preservativo quando iniciar as relações”, destaca Elizabeth Azoubel.

No Colégio Apoio, na Zona Norte do Recife, a estratégia foi trazer uma médica especialista na área para conversar com pais e alunos para tirar as dúvidas, explicar a importância da vacina e orientar sobre o procedimento. “A recepção dos pais foi tranquila, até porque está na mídia. As meninas mais velhas entenderam melhor, as menores ainda tiveram dúvidas, ficaram um pouco preocupadas, mas isso a gente vai conversando e orientando”, garante a diretora pedagógica da escola, Rejane Maia.

Na Unidade de Saúde da Família (USF) da Vila Boa Vista, a orientação da população está sendo feita pelos agentes de saúde.

“Poucos chegam aqui no posto com dúvida mesmo. A maioria recebe a explicação dos próprios agentes e já pergunta na hora o que quer saber. A adesão tem sido boa, já vacinamos 150 meninas”, conta a enfermeira Graça Gondim, responsável pela vacinação na unidade.

Mãe de uma menina de 12 anos, a dona de casa Lucy Andrade estava preocupada, mas tirou as dúvidas com a agente de saúde da área em que mora. “A gente escuta muita coisa, né? Eu sei que preciso proteger minha filha, mas queria ter certeza de que isso é certo”, afirma a dona de casa.

A vacina
Depois da primeira dose, é preciso tomar uma segunda após seis meses e uma terceira após cinco anos para completar a proteção. Para se vacinar, basta comparecer ao posto de saúde com o cartão de vacinação e um documento de identificação – em alguns postos, é exigido documento com foto. A vacina é restrita ao sexo feminino, visando diminuir os casos e mortes devido ao câncer de colo de útero.

A vacina distribuída nos postos da rede pública é quadrivalente, combatendo os subtipos HPV 6, 11, 16 e 18, sendo os dois últimos responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer de colo do útero em todo mundo, segundo informações repassadas pela Secretaria Estadual de Saúde. O HPV é transmitido pelo contato direto com pele ou mucosas infectadas por meio de relação sexual ou de mãe para filho no parto.

Em 2015, de acordo com o calendário desenvolvido pelo Ministério da Saúde, a vacina passa a ser oferecida para meninas entre 9 e 11 anos. Estimativa da Organização Mundial da Saúde aponta que 290 milhões de mulheres no mundo são portadoras da doença.

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