Falta de cadastro atrapalha obras em redes de esgoto no Grande Recife

Mapeamento das tubulações será atualizado, dizem Compesa e Foz.
Balanço dos 100 primeiros dias da parceria mostrou resultados positivos.

A Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) e a empresa privada Foz apresentaram, nesta quinta-feira (31), o balanço dos 100 primeiros dias de trabalho realizado a partir da parceira público-privada firmada para os serviços de esgoto na Região Metropolitana do Recife. Ao todo, 10.287 serviços foram executados em 31 bairros da capital, Olinda, Abreu e Lima, Paulista, Moreno, Jaboatão dos Guararapes e Cabo de Santo Agostinho. Foram reparos, operações, manutenções e obras, totalizando R$ 60 milhões. Falta de caixas de gordura e o despejo inadequado de lixo foram apontados como maiores problemas do esgotamento sanitário. Porém, a ausência de cadastro das redes coletoras também influencia, e muito, a resolução dos problemas com mais agilidade e contribuiu para que canos clandestinos levem água suja para locais inadequados, como o canal que corta a Avenida Agamenon Magalhães, que deveria apenas escoar a água da chuva.

Antes da parceira acontecer, menos de 40% das ordens de serviço eram atendidas em 48 horas – o percentual subiu para 60%. Em 23 de julho, quando o plano dos “100 dias” começou, 2,7 mil solicitações estavam represadas, aguardando atendimento. Oitocentas delas foram resolvidas pela força-tarefa, mas outras 9,5 mil apareceram. O cadastro das redes facilitaria o trabalho das equipes, que ainda precisam cascavilhar o subsolo para achar o “nó” do problema, devido à ausência quase absoluta desse mapemaneto, segundo a Foz. A empresa tem sete SeeSnake, equipamento que dá uma visão do interior das tubulações, o que pelo menos tem evitado a quebra do asfalto nesta inspeção.

De acordo com o diretor executivo da Foz, Fernando Mangabeira, já está em andamento a atualização da base cartográfica e o cadastro técnico de redes de esgotamento sanitário nas 15 cidades em que a parceria tem atuação – são 14 no Grande Recife mais Goiana, na Mata Norte do estado. “Esses dados vão facilitar a operação e vamos poder traçar ações, como combater essas redes clandestinas”, explicou. O prazo para conclusão deste cadastro técnico não foi informado.

Mau hábito
Mangabeira também apontou que os maus hábitos da população dificultam e oneram os custos da manutenção do esgotamento sanitário. De acordo com a Compesa, mais de 60% das solicitações para reparos nas tubulações de esgoto são decorrentes do uso incorreto dos sistemas, como lançamento de grande quantidade de gordura e lixo. Isso favorece o entupimento dos canos, retorno e extravasamento do esgoto e mau cheiro.

Como exemplo foi citado que, em 50 dias, 73 ordens de serviço foram abertas nos bairros das Graças e do Espinheiro, na Zona Norte do Recife, e 44 tinham relação com ausência da caixa de gordura – equipamento utilizado para reter de gordura e sólidos em tubulações de cozinhas, chuveiros e lavatórios, com o objetivo de evitar o entupimento desses canos. “A partir da próxima semana, a gente vai intensificar a fiscalização e aplicar multas para quem estiver irregular. O valor da multa é de duas contas de esgoto, e vai duplicando a cada reincidência”, disse o presidente da Compesa, Roberto Tavares. A Foz informou que vai realizar campanhas educacionais em escolas e centros sociais.

Tavares também anunciou a finalização do plano geral, que envolve os sistemas de esgotamento sanitário dos 15 municípios. “No momento, estamos elaborando os projetos executivos dos sistemas de Paulista, São Lourenço da Mata e do bairro de Jardim São Paulo, no Recife. É o detalhamento do trabalho que vamos realizar para ampliar em 100% a rede de esgoto desses locais”, disse. A parceira estabeleceu como meta a universalização do serviço nessas cidades em 12 anos.

Do G1 PE

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