Atentado a revista em Paris ainda tem perguntas sem respostas

Crime deixou 12 mortos e 11 feridos, quatro deles em estado grave.

Suspeitos fugiram em carro e dois ainda não foram encontrados.

Do G1 em São Paulo

Um atentado à redação da revista “Charlie Hebdo” nesta quarta-feira (7) em Paris deixou 12 mortos – entre eles dois policiais – e 11 feridos, sendo 4 deles em estado grave. Dois homens armados entraram no prédio em que fica a redação do semanário, atiraram em um dos funcionários e renderam o outro no segundo andar do prédio, onde acontecia a reunião de pauta dos funcionários da publicação. Lá, atiraram e mataram 10 pessoas.

Depois fugiram de carro, bateram em outro veículo e precisaram abandonar seu carro. Eles renderam um motorista e fugiram em outro carro.

O episódio, classificado como um ato terrorista pelo presidente francês François Hollande, ainda tem questões não esclarecidas.

Quantos suspeitos estiveram envolvidos?Quem são eles?
Três pessoas foram inicialmente apontadas como suspeitas: os irmãos Chérif e Said Kouachi e Hamyd Mourad, cunhado de Chérif, que seria o motorista da operação. Por volta das 23 horas da quarta, Mourad, de 18 anos, se apresentou à polícia em Charleville-Mézières. Segundo a agência AP, ele decidiu se entregar após ver seu nome associado ao caso em redes sociais, mas alega inocência. Pouco depois, a polícia francesa divulgou fotos de Chérif, de 32 anos, e Said, de 34, em um boletim que os descreve como “possivelmente armados e perigosos”.

Os suspeitos pertencem a algum grupo?
Chérif Kouachi foi condenado, em 2008, a três anos de prisão por envolvimento com atividades terroristas, dos quais cumpriu 18 meses. Ele seria ligado ao “Buttes Chaumont” um grupo que enviava voluntários ao Iraque, para auxiliar a Al-Qaeda no combate às forças lideradas pelos Estados Unidos. Em seu julgamento, Chérif alegou ter ficado revoltado ao ver na TV cenas de abusos contra prisioneiros em Abu Ghraib. Oficialmente, porém, a polícia não aponta seu envolvimento com nenhum grupo organizado.

Segundo o procurador da República, François Molins, os atiradores teriam afirmado “vingar o profeta” durante o atentado. O escritório da revista, conhecida por seu tratamento irreverente a questões políticas e figuras religiosas, já havia sido alvo de um ataque a bomba no passado após publicar uma caricatura do profeta Maomé, o que irritou os muçulmanos.

Quem são as vítimas?
Primeiramente foram divulgadas as identidades de quatro vítimas, que eram renomados cartunistas da publicação: Georges Wolinski; Jean Cabut, o “Cabu”; Bernard Verlhac, conhecido como “Tignous”, e o editor da publicação, Stephane Charbonnier, conhecido como “Charb”.

Mais tarde, o jornal “Le Monde” divulgou que entre as outras vítimas fatais estão: Frédéric Boisseau, um funcionário da Sodexo que trabalhava no prédio; Michel Renaud, convidado que visitava a redação; Bernard Maris, economista e vice-editor; Phillippe Honoré, também desenhista; Mustapha Ourad, revisor; e Elsa Cayat, psicanalista que escrevia uma coluna quinzenal para a revista.

Os dois policiais mortos foram Franck Brinsolaro, morto dentro da redação, e o agente Ahmed Merabet, que morreu já na rua, durante a fuga dos atiradores.

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Fotos de arquivo mostram cartunistas da equipe da revista ‘Charlie Hebdo’ mortos no ataque. Da esquerda para a direita: Georges Wolinski (em 2006), Jean Cabut – o Cabu (em 2012), Stephane Charbonnier – o Charb (em 2012) e Tignous (em 2008) (Foto: Bertrand Guay, François Guillot, Guillaume Baptiste/AFP)

 

A edição desta quarta da revista tem relação com o ataque?
Por coincidência ou não, a “Charlie Hebdo” fez a divulgação em sua edição desta quarta do novo romance do controvertido escritor Michel Houellebecq, um dos mais famosos autores franceses no exterior. A obra de ficção política fala de uma França islamizada em 2022, depois da eleição de um presidente da República muçulmano.

Bombeiros levam vítima em maca após ataque a jornal satírico em Paris (Foto: Jacky Naegelen/Reuters)
Bombeiros levam vítima em maca após ataque a jornal satírico em Paris (Foto: Jacky Naegelen/Reuters)

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