Após quase 50 anos sem cortar, mulher doa cabelos para campanha

Amigas se organizaram para fazer doações ao Hospital do Câncer de PE.

Campanha já reúne mais de 25 voluntárias.

A dona de casa Luiza Marques Buarque, de 64 anos, sempre teve ciúme do cabelo e brigava quando alguém vinha dizer para cortar. Desde os 15 anos, as madeixas eram cuidadas apenas com pequenas aparadas nas pontas, no máximo. Neste domingo (23), a dona de casa resolveu aderir à campanha de doação de cabelo para o Hospital do Câncer de Pernambuco, promovida pela fotógrafa e maquiadora Emanuela Karla.

Moradora do bairro do Cordeiro e mãe de sete filhos, Luiza Buarque se emocionou ao ver na televisão a alegria de mulheres com câncer que receberam perucas feitas com cabelos doados. “Eu percebi que, se fosse para cortar, seria assim, para doar. Já me ofereceram dinheiro e eu não quis. Fiquei só esperando a oportunidade”, conta a dona de casa, que era só alegria com o novo corte. “O cabelo pesava muito”, explica.

Karla se organizou com a família e amigos após ver na televisão um grupo de São Paulo fazer doações do gênero. Lançou então a convocação nas redes sociais e, na semana passada, conseguiu 18 voluntárias para cortar as madeixas. Nesta semana, só na parte da manhã, já eram mais de dez.

Neste domingo, três cabelereiros voluntários se reúnem no salão de festas do prédio da maquiadora. “Eu pensei primeiro em mandar para São Paulo, mas então lembrei do Hospital do Câncer daqui. Consegui entrar em contato com eles e fiquei sabendo que tem duas voluntárias e uma paciente que fazem as perucas, nós só estamos marcando o dia para poder levar para eles”, conta.

Acostumados a fazer por vezes mega hair, os cabelereiros prendem os cabelos com elástico para as madeixas já ficarem prontas. Tendo trabalhado na semana passada com Karla, o cabelereiro Gleidson Albérico voltou nesta semana para mais uma rodada de cortes. “Eu cortei de algumas clientes essa semana também e vou trazer para doar. Sempre gostei de ajudar, todo mundo agora que quer cortar eu pergunto [sugere a doação]”, explica o cabelereiro.

A estudante Amanda Tereza era daquelas que chorava por cada aparada no cabelo e sofria quando cortavam pouco mais do que tinha combinado. “Quando eu vi nas redes sociais, comecei a pensar e resolvi desapegar. O cabelo cresce depois. É um alívio ter conseguido cortar, é por uma boa causa”, conta orgulhosa.

A cabelereira Rita Danyelle está acostumada a participar de ações sociais, mas ficou emocionada de ver o desprendimento de algumas das voluntárias, como a da dona de casa. “A gente trabalha realizando sonhos, é muito bom poder trazer a felicidade dessa outra forma, ajudando outras pessoas”, defende.

Foi essa vontade de ajudar que fez a auxiliar administrativa Rose Cassini levar a filha, Maria Júlia, de cinco anos, para cortar o cabelo. “Ela pediu há dois anos para não cortar, porque queria ser a Rapunzel. Depois fiquei com pena e fui adiando. Minha mãe faleceu de câncer e, quando vi essa campanha, achei que era o momento certo”, afirma. A menina, orgulhosa, depois mostrava o resultado.

“Fiquei bonita”, dizia sorridente, mostrando a doação.

Esse mesmo espírito foi o que moveu as amigas Bárbara Campos e Edlly Lima. As duas tinham costume de ficar mexendo no cabelo, mas resolveram doar. Foram juntas, uma dando força a outra para não desistir. “É como em um texto que estava lendo nessa semana, muitas vezes a felicidade está em poder ajudar o outro”, acredita Bárbara.

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