Corrupção: Delação de Delcídio mostra um cenário assustador

Por André Luis

A população assisti atônita as declarações do senador Delcídio Amaral (PT-MS), que mostram que a crise política no país vai além do que se imaginava.

Políticos de todos os lados foram citados por fazer parte de algum “esquema” político de corrupção. Gente que tem se apresentado como parte da solução, se colocando como “salvadores da pátria”, chafurdados até o pescoço nesse mar de lama e sem-vergonhice de todos os tipos, causando dor, sofrimento e acabando com os sonhos dos brasileiros de ter um país digno.

Em sua delação, Delcídio citou o nome de Eduardo Campos por lobby de fornecedora em usina de Belo Monte. Delcídio descreve um complicado esquema de propinas envolvendo a Usina de Belo Monte, desde a escolha do consórcio vencedor da licitação para o contrato de concessão até a influência política na escolha dos fornecedores da usina.

Delcídio afirma que Eduardo Campos fez lobby pela subsidiária em Pernambuco da argentina Impsa, cuja inauguração, em maio de 2008, contou com a presença da então presidente da Argentina, Cristina Kirchner.

Sobre as menções a Sérgio Guerra e Humberto Costa, Delcídio do Amaral, se referiu ao falecido tucano Sérgio Guerra, e à CPI da Petrobras de 2009, como reforço do argumento de que “pedágios” em Comissões Parlamentares de Inquérito não são novidades no Congresso.

No caso do senador Humberto Costa (PT), líder do governo, Delcídio diz que o petista “agiu com desenvoltura” em Suape e fala até quem seria o operador do político pernambucano.

O ministro da Educação, Aloízio Mercadante, surpreendeu o Palácio do Planalto, após a divulgação de um áudio, onde ele conversa com José Eduardo Marzagão, assessor do ex senador Delcídio do Amaral. No áudio o ministro oferece ajuda financeira para evitar a delação premiada.

O vice-presidente da república Michel Temer, também foi citado por Delcídio, que afirmou, que Temer teve participação direta na nomeação de executivos da Petrobras condenados em uma ação da Operação “Lava Jato”.

Em seu depoimento, Delcídio acusou de irregularidades na subsidiária BR Distribuidora João Augusto Henriques, que foi diretor na empresa de 1998 a 2000, no governo Fernando Henrique Cardoso.

Outro ex-executivo apontado como apadrinhado de Temer é Jorge Zelada, que foi diretor da área Internacional da Petrobras de 2008 a 2012, por indicação do PMDB.

Em seu depoimento, Delcídio afirmou que o governo Lula, em 2007, aceitou dar a diretoria Internacional a um indicado do PMDB em troca de apoio no Congresso em uma votação envolvendo a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira).

O nome peemedebista para o cargo, com aval também de Temer, era Henriques, mas, segundo Delcídio, a escolha foi vetada pela então ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.

O presidente do PSDB, senador Aécio Neves, foi citado por Delcídio por ter recebido propina de Furnas. Delcídio afirmou que Aécio recebeu “sem dúvida” pagamentos ilícitos de Furnas, empresa estatal do setor elétrico que faz parte do sistema Eletrobrás. Segundo ele, Aécio possui vínculo “muito forte” com Dimas Toledo, ex-diretor de Engenharia de Furnas.

“Questionado ao depoente quem teria recebido valores de Furnas, o depoente disse que não sabe precisar, mas sabe que Dimas operacionalizava pagamentos e um dos beneficiários dos valores ilícitos, sem dúvida, foi Aécio Neves, assim como também o PP, através de José Janene; que também o próprio PT recebeu valores, mas não sabe ao certo quem os recebia e de que forma”, diz trecho do termo de colaboração de Delcído. O esquema em Furnas, segundo ele, “funcionava de maneira bastante ‘azeitada’ e de maneira bastante competente”.

Janene era deputado do PP e morreu em 2010. Dimas Toledo foi diretor de engenharia de Furnas, cargo que, segundo Delcídio, era “joia da coroa” da Eletrobras, uma vez que era usada sistematicamente para repassar valores a partidos, como PSDB, PP e PT.

No sumário dos anexos da delação de Delcídio estão os seguintes assuntos:

(Veja na íntegra a delação clicando aqui)

  • Nomeação do ministro Marcelo Navarro Dantas para soltura de presos na Lavajato;
  • Lula foi o mandante dos pagamentos à família Cerveró;
  • Ingerência da presidente Dilma Rousseff para a nomeação de Nestor Cerveró para a diretoria financeira da BR Distribuidora;
  • Participação de Lula e Palocci na compra de silêncio de Marcos Valério no Mensalão;
  • Esquema em Furnas operado por Dimas Toledo;
  • Ilícitos envolvendo José Carlos Bumlai;
  • Belo Monte;
  • A preocupação de Lula com a CPI DO CARF;
  • Pagamentos de proprina através de laboratórios farmacêuticos e planos de saúde;
  • Operação Lama Asfáltica e Alfredo Nascimento;
  • Propinas na aquisição de sondas e plataformas na região de Joel Rennó;
  • Manutenção de Rogério Manso na diretoria de abastecimento da Petrobras;
  • Relatoria da CPMI dos Correios;
  • Os “arquitetos” das operações de propina;
  • “Pedágios” cobrados na CPMI da Petrobras;
  • Michel Temer e o escândalo da aquisição de etanol na BR Distribuidora;
  • Dilma Rousseff e a refinaria de Pasadena;
  • Aquisição das máquinas ALSTOM;
  • Manipulação dos “spreeds” na Petrobras;
  • Interesses chineses;
  • o comando de Luiz Inácio Lula da Silva em todos os projetos do governo, incluindo a nomeação dos diretores da Petrobras;
  • Nomeação de Nestor Cerveró para a diretoria internacional da Petrobras;
  • Refinaria de Okinawa;
  • Vínculo da CPMI dos Correios com a operação Lavajato;
  • Atuação de senadores;
  • Atuação de André Esteves e Medidas Provisórias (668 ou 681);
  • Empreiteras;
  • Bancada do PMDB no Senado;
  • Adir Assad e Di Filippi.

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