Mãe diz em depoimento à polícia que padrasto pode ter matado Joaquim

Natália Ponte descreve perfil ciumento e agressivo de Guilherme Longo.
Declaração é importante para entender motivação do crime, diz promotor.

A mãe do menino Joaquim Ponte Marques, de 3 anos, morto em Ribeirão Preto (SP), disse pela primeira vez à polícia que acredita que o marido e padrasto da criança, Guilherme Longo, possa ter matado o garoto. A declaração foi dada por Natália Ponte no depoimento prestado no dia 18 de novembro e obtido nesta segunda-feira (25) pela reportagem.

Guilherme Longo é o principal suspeito da morte de Joaquim, e está preso temporariamente desde que o corpo da criança foi achado no dia 10 de novembro, no Rio Pardo, em Barretos (SP). Natália também está presa por suspeita de participação no crime. O casal alega inocência.

No depoimento prestado à polícia na semana passada, o delegado Paulo Henrique Martins de Castro, chefe das investigações, perguntou à psicóloga se diante de todos os fatos ela acreditava que Longo pudesse ser o autor do homicídio que vitimou Joaquim. À polícia, Natália confirmou que o marido possa ter matado o filho.

De acordo com o promotor Marcus Túlio Nicolino, a declaração é importante para ajudar a polícia a elucidar o caso. “Ela já havia declarado que ele [Longo] era um sujeito viciado em drogas, destemperado, e que já havia manifestado outras ações agressivas contra ela e contra a criança. Ela dizendo agora que realmente acredita que ele tenha matado o menino, nós devemos concluir que a possibilidade dele ter feito isso com esse quadro que ela narrou é muito grande”, afirma.

Segundo Nicolino, a acusação de Natália Ponte esclarece a motivação do crime, já que ela descreve Longo como uma pessoa ciumenta em relação a Joaquim. No entanto, o promotor afirma que o Ministério Público e a Polícia Civil ainda precisam obter mais informações sobre a forma como a criança foi morta. “Com relação a como ele fez isso que é a nossa grande dúvida. Hoje, nós precisamos avançar mais nas investigações. Sobretudo esperar o resultado dos laudos periciais que estão pendentes”, diz.

Nicolino afirma também que a mãe de Joaquim não está livre da responsabilidade sobre a morte do filho, já que ela conhecia o perfil de Longo e acabou expondo o menino a uma pessoa com ‘histórico violento’. “Ela sabia de todo esse histórico do Guilherme, que ele era um homem violento, ele era um homem ameaçador, era um sujeito viciado em drogas e ao mesmo tempo ela confiou a criança aos cuidados dele. Essa é uma questão que o MP vai avaliar com muito cuidado.”

Reconstituição
Na sexta-feira (22), Guilherme Longo participou da reconstituição do crime em Ribeirão Preto. Ele foi levado à casa onde vivia com Natália, o enteado e o filho de 4 meses, e de onde  Joaquim desapareceu na madrugada de 5 de novembro.

Longo refez os passos descritos por ele nos depoimentos prestados à polícia. Durante o trajeto da residência até o ponto de venda de drogas que ele diz ter feito durante a madrugada para comprar cocaína, o técnico em TI foi fortemente hostilizado por populares que acompanhavam o trabalho dos peritos. Houve tumulto depois que um grupo conseguiu furar o bloqueio da Polícia Militar e chegar bem próximo ao suspeito.

À polícia, Longo afirmou que deixou a porta da casa encostada quando saiu para ir buscar o entorpecente, mas que trancou o portão da garagem. Ele defende que alguém invadiu o imóvel e que levou a criança.

No depoimento prestado à polícia na semana passada, Natália diz que é improvável que alguém tenha invadido o imóvel e levado Joaquim de casa, como sustenta Longo, já que não havia indícios.

Para o delegado, a reconstituição contribuiu para que a polícia descartasse a hipótese de que alguém pudesse ter sequestrado Joaquim. “A reconstituição foi favorável para esclarecer alguns detalhes, mas outras contradições surgiram. Já descartamos a possibilidade de uma terceira pessoa e vamos juntar o resultado da perícia aos autos, depois que o pessoal elaborar tudo”, afirmou Castro, destacando que o laudo da reconstituição deve sair em duas semanas.

Do G1

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