Marcas da poluição no Rio São Francisco
Multiplicação das baronesas indica a má qualidade da água. Barcos abandonados às margens causam impacto negativo
Do Diário de Pernambuco
Petrolina – A falta de cuidado com o trecho do São Francisco que margeia Petrolina e o crescimento desordenado da cidade deixam marcas no Velho Chico. O avanço de baronesas, plantas que se alimentam da matéria orgânica de esgotos, indica poluição. A presença de embarcações abandonadas também causa impacto negativo. O último diagnóstico ambiental foi feito em 2011, quando a Agência Municipal de Meio Ambiente de Petrolina apontou presença de fósforo total e coliformes fecais.
O pescador Domingos Márcio Matos, 58 anos, notou que peixes nativos como o surubim pintado estão sumindo. “Antigamente a gente voltava com a canoa cheia. Agora, está difícil tirar a sobrevivência do Velho Chico”, relatou.
Especialista em engenharia hídrica, o professor do Mackenzie, de São Paulo, Antônio Eduardo Giansante, explica que as baronesas indicam perda de qualidade na água. “As plantas ajudam a filtrar as impurezas, mas quando a baronesa morre, tudo que ela absorveu será devolvido para a água”, pontuou Giansante. A Compesa informou que os dejetos que contaminam o rio seriam de restaurantes, condomínios e pontos comerciais que fizeram esgotamento por conta própria.
Outro problema são as embarcações abandonadas. Com o tempo, o ferro oxida e muda a cor do rio. “A consequência é maior para quem usa o rio para lavar roupas, que acabam ficando amareladas”, esclareceu Giansante. “Os danos seriam mais graves se essas embarcações estivessem perto de um ponto de captação de água do São Francisco para consumo”, completou o professor.
A poluição do São Francisco vem de longa data, agora se tornou mais visível tendo em vista a baixo nível de suas água, mas, desde sempre todos os esgotos de toda a Belo Horizonte são jogados “in natura” no Rio das Velhas, afluente do Velho Chico, além dos esgotos da cidades grandes à sua margem como Januária, Pirapora e Bom Jesus da Lapa.