Parlamento da Ucrânia aprova formação de governo de coalizão
Novo premiê, Arseny Yatseniuk alertou sobre ‘medidas impopulares’.
Governo deve ficar até as eleições antecipadas de maio.
O Parlamento da Ucrânia aprovou nesta quinta-feira (27) o governo de coalizão que vai gerir o país até as eleições antecipadas de 25 de maio, com o ex-ministro da Economia Arseny Yatseniuk como primeiro-ministro.
“Nosso país está à beira do colapso econômico e político”, disse ele ao Parlamento após ser nomeado, alertando que a Ucrânia enfrenta ameaças a sua integridade territorial e prometendo promover a integração europeia.
O pró-europeu Yatseniuk também disse que vão ser necessárias medidas “impopulares” para tirar o país da crise econômica.
Yatseniuk acusou o governo do presidente deposto Viktor Yanukovich de esvaziar os cofres públicos e disse que US$ 37 bilhões recebidos em empréstimos desapareceram.
Em pronunciamento no Parlamento antes de ser indicado como chefe do governo de unidade nacional, Yatseniuk afirmou que nos últimos três anos “a quantia de US$ 70 bilhões foi retirada do sistema financeiro da Ucrânia para contas em outros países”.
“Quero informar a vocês – o Tesouro nacional foi saqueado e está vazio”, disse ele. “Trinta e sete bilhões de dólares em crédito recebido desapareceram para uma direção desconhecida”, acrescentou.
Tensão política
O país vive sob tensão política desde a deposição de Yanukovich, após confrontos de rua que provocaram dezenas de mortes na capital, Kiev.
Yatseniuk é um jurista e economista de meteórica ascensão política, que se impôs como um dos líderes opositores a Yanukovich, derrubado por conta de seu alinhamento com a Rússia em detrimento da aproximação com a União Europeia.
Aos 39 anos, Yatseniuk desempenhou as funções de ministro da Economia e das Relações Exteriores. Na crise política atual, adotou uma posição firme, chegando a rejeitar o posto de primeiro-ministro proposto em janeiro por Yanukovich.
Menos conhecido no exterior que o ex-boxeador Vitali Klitschko, outro líder da oposição, Yatseniuk tem a imagem de um “banqueiro intelectual”, segundo a revista “Focus”.
O economista negociou especialmente a entrada da Ucrânia na Organização Mundial do Comércio (OMC) e as relações com a União Europeia.
Entre 2005 e 2006, ele ocupou os postos de ministro da Economia e de ministro das Relações Exteriores em 2007. Essas experiências podem ser importantes, no momento em que o país enfrenta uma grave crise econômica. Segundo o ministro interino das Finanças, Kiev precisa de US$ 35 bilhões nos próximos dois anos.
Nascido em 1974, em Chernovtsy (sudoeste), Arseni Yatseniuk foi designado ministro da Economia da República Autônoma da Crimeia (Mar Negro), em 2001.
Depois de passar pelo Banco Central, a Revolução Laranja o promoveu em 2005 à pasta de Economia da Ucrânia. Em 2007, ele liderou diplomacia do país, na qual manteve uma postura pró-Europa. Ele também presidiu o Parlamento ucraniano entre 2007 e 2008.
Em 2010, Yatseniuk se candidatou à eleição presidencial, mas obteve apenas 7% dos votos. Depois, recusou o convite de Viktor Yanukovich para integrar o governo.
Dois anos depois, seu partido, a Frente para a Mudança, decidiu se dissolver para se juntar ao de Yulia Tymoshenko.
Yatseniuk é casado e tem dois filhos.