Oposição no Senado espera criação da CPI da Petrobras nesta terça-feira

Comissão quer investigar compra de refinaria por US$ 1,18 bilhão nos EUA.

Parlamentares ainda tentam apoio para comissão mista com a Câmara.

Líderes da oposição no Senado esperam que seja criada na próxima terça-feira (1º) a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigará a compra pela Petrobras da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), em 2006. O colegiado terá apenas senadores, mas oposicionistas ainda trabalham para tentar emplacar uma comissão mista, com participação de deputados.

A CPI é oficialmente criada quando de seu pedido de abertura é lido em plenário pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ou, na ausência dele, por qualquer senador que esteja no comando de uma sessão. A oposição, que conseguiu 29 assinaturas de apoio – duas a mais que o mínimo necessário –, acredita que o próprio Calheiros formalize a criação da comissão nesta terça-feira (1º).

“É obrigação regimental do presidente Renan Calheiros ler. Não tenho dúvida que ele vai cumprir essa obrigação. Estamos esperando para terça-feira porque não há razão para procrastinar a leitura”, disse o líder do PSDB, Aloysio Nunes (SP).

Desde que foi protocolado na manhã de quinta (27), o requerimento ganhou apoio de mais um senador, Wilder Morais (DEM-GO). Ele ainda não havia assinado porque estava de licença em Goiânia.

A partir da leitura, os líderes partidários têm cinco dias úteis para indicarem os integrantes da CPI. As legendas com as maiores bancadas – no caso do Senado, o PMDB e o PT –, têm direito a escolherem as cadeiras que ocuparão na comissão.

O presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), um dos principais articulares da CPI no Senado, também acredita que a criação será formalizada na terça.

“Esperamos a leitura que no mais tardar na terça-feira, porque o senador Renan sabe que cabe a ele simplesmente conferir as assinaturas e ler o documento da sua criação e solicitar imediatamente aos líderes que indiquem seus representantes”, declarou na última quinta o provável candidato tucano à Presidência da República.

Renan Calheiros disse que reunirá na próxima semana os líderes partidários para definirem a data da leitura do requerimento. Ainda não há data certa, porém, para a leitura. O presidente, que vinha criticando a abertura de uma CPI, disse que “agora não há mais o que fazer” para evitar a comissão.

Comissões mistas
Desde que decidiu agir para a instalação de uma CPI, a oposição coleta, em paralelo, assinaturas para três requerimentos: um de CPI mista (que reúne deputados e senadores), de autoria do líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), outro de CPI somente no Senado, de autoria do senador Álvaro Dias (que já foi protocolado) e um terceiro, também de autoria do senador do Paraná, para uma CPI mista.

Câmara e Senado, porém, ainda não bateram o martelo sobre qual requerimento de CPI mista será levado adiante. Os senadores não concordam com o texto elaborado pelo PSS da Câmara, mas o líder Rubens Bueno disse que não pode “perder” as assinaturas já coletadas entre os deputados.

“Já chegamos a 178 assinaturas, com a chance de ter na terça mais de 200. Temos que fazer as assinaturas valerem. Não podemos deixar perder”, disse Bueno. A intenção dos deputados é que, após a coleta na Câmara, o requerimento de autoria de Bueno seja encaminhado para a coleta de assinaturas dos senadores.

Rubens Bueno informou ter confirmado reunião para tratar do tema na próxima terça com o com o líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE), e com o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG).

“A prioridade é que se crie a CPI mista. No nosso requerimento, pedimos investigação de vários negócios da Petrobras na América do Sul, sobre a holandesa SBM Offshores e sobre a refinaria de Pasadena. No Senado, não consta as ações na América do Sul, mas pedem para investigar [as denúncias envolvendo a refinaria de Pernambuco] Abreu e Lima. Temos que fazer um ajuste de estratégias, e vamos discutir à luz da melhor situação”, disse.

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