Especialistas dizem que ebola pode chegar na Europa se não for contido
Advertência foi feita em congresso médico na Espanha.
Mais de cem pessoas já morreram na África em consequência do vírus.
Especialistas advertiram nesta quarta-feira (9) que se ocorrerem as “circunstâncias adequadas” o vírus do ebola pode chegar na Europa, e consideraram que as organizações internacionais deveriam “fechar fronteiras” e conter o surto da doença na África central.
A advertência foi feita no Congresso da Sociedade Espanhola de Doenças Infecciosas e Microbiologia Clínica, no qual 1.300 especialistas debatem sobre as últimas novidades experimentais e assistenciais contra doenças como gripe, HIV, sepse, tuberculose e hepatite C.
O presidente do Comitê Científico do Congresso, Joaquín Portillo, afirmou que qualquer avião que chegar a um aeroporto europeu procedente da África central “pode produzir uma disseminação” do vírus do ebola.
Segundo sua opinião, o atual surto deveria ser tratado e controlado nos países da África central, onde “aparecem de forma periódica” porque os graus de pobreza e a falta de salubridade pela falta de recursos econômicos e sanitários “é brutal”.
“A sorte, entre aspas, é que o ebola mata de forma rápida e isto corta a disseminação”, disse Portillo, para quem o atual surto está ativo há mais tempo e afeta vários países.
Por isso, segundo Portillo, “quem deveria focar os esforços na África central são a ONU e as agências internacionais”.
“Não seria estranho que um avião procedente de Mali ou Guiné chegar no aeroporto Charles De Gaulle, em Paris, com uma pessoa que está incubando o vírus”, afirmou.
A presidente do comitê organizador do Congresso, Concepción Gimeno, argumentou que embora o vírus não seja transmitido no período de incubação, isto pode ocorrer na primeira fase, quando os sintomas se assemelham a um quadro gripal, e na segunda, quando o paciente sofre hemorragias por todos os orifícios.
“Nós podemos ver o vírus na Europa? Sim, podemos”, afirmou Gimeno.
Segundo a especialista, a África precisa estar “muito mais preparada e a Organização Mundial da Saúde (OMS) precisa ir e fechar fronteiras para que o surto não passe de um país para o outro”.
O surto de ebola surgiu em Guiné, em março, e está afetando também a Libéria.
Até esta terça-feira (8), segundo a OMS, tinham sido detectados 157 casos em Guiné, com 101 mortos, dos quais 67 foram confirmados por testes de laboratório; e na Libéria fora detectados 21 casos, com 10 mortes, cinco delas confirmadas em laboratório.