Desempregado tatua anúncios pelo corpo e procura cliente para a testa
Edson Aparecido é de Tanabi e tem 49 anúncios em forma de tatuagens.
Negócio começou como brincadeira e hoje é o seu principal ganha-pão.
Conhecido na pequena Tanabi (SP) como “homem-outdoor”, o desempregado Edson Aparecido Borim, de 39 anos, resolveu ganhar dinheiro de uma forma inusitada: tatuando anúncios pelo corpo. A ideia, que surgiu em uma brincadeira de bar, virou coisa séria e hoje é o principal ganha-pão do desempregado. “Esta história começou do nada e hoje consigo tirar um bom dinheiro. Minha meta agora é conseguir uma empresa grande para tatuar a minha testa, mas aí teria de ser por um bom contrato”, afirma Edson, mais conhecido como ‘Baiano’.
O desempregado começou a fazer as tatuagens há oito anos e atualmente tem 49 anúncios espalhados pelo peito, costas e braços.
Os anúncios variam desde garagem de veículos, restaurantes, óticas, supermercados, clínicas veterinárias, dentre outros. Ele não confirma quanto ganha por mês, mas diz que o preço da tatuagem/anúncio varia de R$ 50 a R$ 400 por mês. “O cliente escolhe o tamanho da tatuagem e também o local de preferência. Eu defino o preço de acordo com o tamanho dela, mas principalmente pelo porte da empresa. E não existe contrato, é tudo na base da conversa e confiança”, diz Edson.
A ideia de fazer as tatuagens em forma de anúncios começou na mesa de um bar. Um amigo de Baiano sugeriu que ele fizesse uma tatuagem comum nas costas e ele, como é amante de tatuagens, resolveu aceitar o desafio e tatuou uma garrafa de conhaque. Na empolgação de cumprir o trato, o empresário Gustavo Lopes, 28 anos, amigo de Baiano, sugeriu que ele fizesse uma tatuagem da ótica dele. “Ele me desafiou e na hora perguntei quanto iria me pagar por mês. Aí a gente negociou um valor e topei fazer na hora”, afirma.
Gustavo confessa que na hora não acreditou que Baiano iria fazer a tatuagem; depois da promessa cumprida, teve de bancar o valor. Mas, depois de tanto tempo, a amizade falou mais alto e hoje, as óticas de Gustavo têm nove tatuagens espalhadas pelo corpo do desempregado. “Foi uma brincadeira de bar, o pessoal duvidou e ele topou. Quando virou coisa séria resolvi investir, é uma publicidade que cria curiosidade nos moradores e todo mundo para e repara nos anúncios”, diz Gustavo.
Quem também foi um dos primeiros a investir em ‘Baiano’ foi o empresário Nilton Castrequini, dono de um supermercado em Tanabi.
Amigos de longa data, Nilton viu nos anúncios uma forma de ajudar o companheiro. “Vale pelos dois, tanto para ajudar um amigo que estava precisando, como também uma forma de propaganda. Não são todos os mercados que têm um anúncio no corpo de uma pessoa”, afirma.
Para ganhar mais notoriedade e, consequentemente, mais anúncios, Edson começou a andar pelas cidades da região e, além de Tanabi, tem em seu corpo propagandas de empresas de Araçatuba (SP) e São José do Rio Preto (SP). Na tentativa de ter sempre visibilidade por onde anda, Baiano está sempre sem camisa, o que chama atenção de todos.
Mas, segundo ele, isso não é uma exigência dos contratantes. “Ainda bem que a cidade faz bastante calor, então estou sempre sem camisa. Vou a eventos como churrascos, campeonatos de som, ando pelas ruas sem camisa, mas não sou obrigado a ficar sem camisa o tempo todo”, diz.
Se uma empresa não dura para sempre, a tatuagem, teoricamente, sim. Por isso, Baiano tem algumas tatuagens de lojas que já fecharam há algum tempo, além de anúncios filantrópicos, como “Doe Sangue, Doe Vida”, tatuado nas costelas. E se alguma loja não paga direito ou desiste do anúncio, Baiano faz um X preto em cima do anúncio.
“Gosto de tatuagens, tenho algumas que não são anúncios. Não vejo problema em fazer isso e não me arrependo de nada. Minha família, amigos e até o tatuador que fez todas as minhas tatuagens, no começo acharam estranho, mas hoje estão acostumadas”, afirma.