Violência e vandalismo nas escolas – Qual a sua parcela de responsabilidade nisso?
A melhor forma de educar um filho sempre foi motivo para noites de insônia e nos dias de hoje esse desafio é ainda maior.
Os novos ingredientes que estão atrelados à contemporaneidade – violência desmedida, AIDS, drogas, álcool – confundem os pais que, muitas vezes, se veem perdidos no labirinto de suas próprias dúvidas. Não sabem como administrar as inseguranças, medos e ansiedades dos filhos, porque nem mesmo encontraram solução para as suas próprias questões.
É comum hoje vermos pais desorientados quanto à educação de seus filhos. A maioria se vê perdida diante de uma filosofia que propõe uma educação mais aberta. Educar filhos hoje tornou-se um grande desafio.
“Eduque-o como quiser, de qualquer maneira há de educá-lo mal”, foi a resposta nada alentadora de Freud a uma jovem mãe aflita (GOTTMAN, 1997).
Há algum tempo atrás, se pensava que problemas como drogas, violência nas escolas e vandalismo eram particularidades dos grandes centros e que esse tipo de pratica não afetaria as famílias do interior, principalmente pela proximidade das pessoas, coisa típica de cidade pequena com poucos habitantes onde todos se conhecem.
Mas ultimamente o que se tem visto é que não só está afetando, como já vem fazendo parte do dia-a-dia dos habitantes de cidades interioranas.
Não se sabe ao certo de quem é a culpa, [se há] dos pais que não estão tendo pulso firme para educar e colocar seus filhos no caminho do bem, ou das autoridades que se omitem em questões como, mau aparato educacional, falta de politicas públicas voltadas aos jovens e crianças, falta de lazer direcionado a este tipo de público e leis muito brandas com relação ao jovem infrator.
De uma coisa se pode ter certeza, os jovens e crianças de hoje, estão cada vez mais desnorteadas nesse mundo.
Há alguns dias atrás a mãe de uma aluna da Escola recém-inaugurada Gizelda Simões, fez denúncias no mínimo assustadoras nos estúdios da Pajeú. Entre os relatos de Carla Tatiane, estavam: agressões entre alunos, depredação da escola e descaso de professores e pais de alunos.
As denúncias feitas por Carla Tatiane foram o estopim para que hoje nos estúdios da Pajeú fosse levantado um debate acerca de como anda a educação dos jovens e crianças da região, com a presença da diretora do Colégio Dom Mota Magali Zuza, a diretora da Escola Gizelda Simões Margarida Valdivino, a psicóloga da Secretaria de Educação Desiane Liberal e a Secretária de Saúde do Município Veratania Morais.
Veratania confirmou o estado de alerta em relação aos jovens e crianças e disse que indisciplina, vandalismo e os outros atos praticados pelos jovens não são fatos isolados da Escola Gizelda Simões e que essas ações já fazem parte do cotidiano escolar, inclusive em escolas da zona rural onde se pensava não existir esse tipo de prática.
Veratania atribuiu as falhas aos dois lados, da Educação, por não terem ensinado a criança a zelar do que é seu e aos pais por não preparem suas crianças a se comportar no meio social.
“Tem uma série de ações que a escola precisa ensinar. Agora valores não, valores eu não atribuo esta responsabilidade a nós da educação. Temos que chamar os pais porque desde criança, no berço, a primeira educação é dada pelos pais, então no primeiro acesso que eles têm na escola com três, quatro anos de idade, eles já trazem uma bagagem enorme de conhecimento e de relacionamento, valores esses que carregam pelo resto da vida”, disse Veratania.
A psicóloga Desiane disse que o que está se vivendo hoje é um problema social, e que se for buscar a culpa em pais, escolas ou autoridades, vai se perceber que todos têm a sua parcela de responsabilidade.
“Vamos trocar o termo culpa por responsabilidade. Na verdade estamos atribuindo à educação das crianças hoje a televisão, ao computador e a outros meios. A escola tem sim uma educação, que é a educação dos saberes e em casa a educação dos valores e uma complementa a outra, porque a educação dos valores a escola vai colocar em prática ao se fazer uma fila, ao ensinar a dividir, então a criança já tem que ter esses ensinamentos prévios e a educação dos saberes – quais os pais hoje em dia estão acompanhando as tarefas dos filhos? Quantas crianças tem esse reforço em casa? Qual a parceria que está havendo entre pais e escola”? Questionou Desiane.
Desiane também disse que ao invés da parceira o que esta havendo hoje em dia é uma certa inimizade entre os pais e as escolas e que isso é um grande problema, pois deviam ser parceiros.
Desiane chamou a atenção para o que as crianças veem.
“Essas crianças são o reflexo. O que nós vemos no espelho quando olhamos, não vemos nós mesmos? Quais os exemplos que essas crianças tem em casa, na sociedade? Ao falar de disciplina, somos uma sociedade indisciplinada, estacionar onde não deve, colocar o carro em lugares privados como vagas para idosos, em cima de paradas de ônibus, furamos fila no banco, damos um jeitinho. Então o que esta criança está vendo”.
Desiane também atribuiu a responsabilidade à falta de tempo que se vive nesta sociedade moderna. “Não existe tempo pra mais nada”.
Ouça abaixo o Debate na íntegra: