PF apura em novo inquérito da Lava Jato suposta destruição de provas

Ação teria sido executada por familiares de ex-diretor da Petrobras.
Ele está preso por suposto vínculo com esquema de lavagem de dinheiro.

Um novo inquérito aberto pela Polícia Federal investiga a atuação da família do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa para esconder ou destruir provas de lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e participação em organização criminosa.

Costa está preso desde março na sede da Polícia Federal (PF), em Curitiba, por suspeita de ter beneficiado o doleiro Alberto Youssef, em contratos de uma empresa de fachada junto à Petrobras.

Segundo a PF, o negócio envolvendo essa empresa soma mais de R$ 200 milhões. O caso veio a público quando os policiais deflagraram a Operação Lava Jato, que investiga uma quadrilha suspeita de movimentar ilegalmente cerca de R$ 10 bilhões. A PF indiciou 46 pessoas na Lava Jato, entre as quais Paulo Roberto Costa.

Documentos obtidos pelo repórter Gerson Camarotti, da GloboNews e do G1, registram uma sequência de 47 fotos nas quais membros da família de Costa tentam, segundo a Polícia Federal, destruir provas.

As imagens, feitas em 17 de março, são do circuito interno do prédio onde funciona a Costa Global, consultoria do ex-diretor da Petrobras.

Segundo a Polícia Federal, às 9h17 a filha de Costa, Ariana, e o marido, Márcio, chegam ao prédio. Às 9h18, entram no elevador.

Ariana carrega uma bolsa. Márcio não leva nada. Três minutos depois, Márcio desce com uma mochila e uma bolsa de mão. Às 9h22 ele guarda tudo no carro e volta ao prédio. Márcio foi flagrado mais três vezes subindo ao escritório e descendo com mochilas e sacolas, que, segundo a Policia Federal, continham documentos. Isso revela, de acordo com a PF, a intenção de destruir ou esconder provas.

Outra filha do ex-diretor da Petrobras e o marido dela também estiveram no prédio da consultoria, praticamente no mesmo horário.

O grupo se encontrou no estacionamento.

Toda a ação da família teria ocorrido enquanto Paulo Roberto Costa estava na Polícia Federal, prestando depoimento. Por isso, essas imagens foram fundamentais para que a Justiça Federal do Paraná determinasse a prisão preventiva do ex-diretor.

A TV Globo também teve acesso ao relatório final da operação Lava Jato. Paulo Roberto Costa, o doleiro Alberto Youssef e outras 44 pessoas foram indiciadas por crimes como participação em organização criminosa, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e evasão de divisas.

O documento relata que, ao ser preso em São Luís, Youssef estava com sete celulares. Em uma das empresas que, segundo a polícia, pertence a ele, a GFD Investimentos, já tinham sido apreendidos outros 27 aparelhos. Investigados disseram à polícia que ele usava muitos aparelhos com o objetivo de dificultar o acompanhamento de suas conversas caso caísse em alguma escuta telefônica.

A Polícia Federal concluiu que “é necessário o cruzamento e a análise de 34 celulares para se ter a real dimensão da rede de contatos do doleiro”. No documento ao qual a TV Globo teve acesso, não há menção a contratos com a Petrobras. Na segunda fase da operação, policiais estiveram na sede da empresa fazendo buscas.

Mas documentos da Polícia Federal já tinham mostrado que prestadoras de serviço da Petrobras repassaram parte do valor dos contratos a empresas criadas pelo doleiro. E a propina seria distribuída a Paulo Roberto Costa, políticos e partidos. As investigações apontaram ainda pagamentos vultosos de Youssef a Paulo Roberto Costa, entre 2011 e 2012, quando ele ainda era diretor da Petrobras.

Versão da defesa
Quando entrou com pedido de liberdade no Supremo Tribunal Federal (STF) – que foi negado – a defesa de Paulo Roberto Costa argumentou que a prisão foi fundamentada em suposta ocultação de provas por familiares, mas que seria “desumano” manter o cliente em prisão “motivada indevidamente por atos atribuídos a familiares”.

O advogado destacou que filhas e genros trabalhavam no mesmo edifício comercial do escritório e que eles retiraram documentos de local diferente daquele onde foi realizada a busca e apreensão pela polícia.
“Não há ilegalidade ou dolo de prejudicar investigação no ato daquele que dispõe e transporta documentos ou bens de qualquer natureza horas após a realização de busca e apreensão, em endereço que não foi alvo de busca.”

Nesta quarta, a defesa de Paulo Roberto Costa entrou com novo pedido de liberdade na Justiça sob o argumento de que ele não foi apontado pela PF como suspeito de crime de corrupção e que está preso sem uma acusação formal contra ele.

A defesa alegou ainda que o cliente está preso no Paraná em condições degradantes, sem direito a banho de sol, há mais de um mês.

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