Na Jordânia, Papa Francisco pede solução pacífica para a crise na Síria
Pontífice também pediu ‘solução justa’ para o conflito de Israel e palestinos.
Francisco faz viagem de três dias à Terra Santa.
O Papa Francisco apelou para que seja encontrada uma saída “pacífica” para a crise da Sília, e também por uma “solução justa” para o conflito entre israelenses e palestinos, neste sábado (24), em sua visita a Amã, na Jordânia.
Ele também defendeu a liberdade religiosa no Oriente Médio.
A Jordânia é a primeira etapa de uma viagem de três dias do Papa argentino à Terra Santa.
“Constato com dor que segue havendo fortes tensões na região do Oriente Médio”, reconheceu o Papa ao ser recebido no palácio real pelas autoridades jordanianas, lideradas pelo Rei Abdullah e sua família.
“É necessário e urgente encontrar uma solução pacífica à crise síria, além de uma justa solução para o conflito entre israelenses e palestinos”, disse o pontífice, no seu primeiro discurso na visita.
“A liberdade religiosa é um direito fundamental e eu não posso deixar de manifestar a minha esperança de que seja mantida em todo o Oriente Médio.
Isso inclui a liberdade individual e coletiva de seguir sua própria consciência em matéria religiosa, ou seja, a liberdade de culto, a liberdade de escolher a religião que acreditamos ser verdadeira e de manifestar publicamente sua própria fé”, continuou o pontífice.
“Peço às autoridades do reino jordaniano que perseverem em seus esforços para buscar uma paz duradoura em toda a região. Este grande objetivo necessita urgentemente de uma solução pacífica para a crise na Síria, assim como de uma solução para o conflito entre palestinos e israelenses”, disse.
Francisco agradeceu às autoridades da Jordânia por seus esforços pela paz no Oriente Médio.
“Este país acolhe generosamente uma grande quantidade de refugiados palestinos, iraquianos e de outras regiões em crise, principalmente da vizinha Síria, destruída por um conflito que já dura muito tempo. Esta acolhida merece reconhecimento e a ajuda da comunidade internacional”, afirmou.
O avião do Papa aterrissou pouco antes das 13h locais (8h de Brasília) no aeroporto internacional Rainha Alia da capital jordaniana.
O conflito entre Israel e os palestinos, os atos de vandalismo contra cristãos em Israel, a guerra na Síria, o peso cada vez maior do Islã no Oriente Médio e as disputas pela propriedade dos lugares sagrados estão entre o amplo leque de problemas que o Papa enfrentará durante sua rápida passagem pela região.
Francisco, que pediu para que a cerimônia em sua chegada fosse simples, foi recebido por representantes do reino da Jordânia e por autoridades religiosas, entre elas o patriarca latino de Jerusalém, Fouad Twal, e o custódio da Terra Santa, Pierbattista Pizzaballa.
Durante sua primeira etapa da viagem, que inclui uma visita a Belém (na Cisjordânia) e a Jerusalém, o Papa levará palavras de conforto e solidariedade às vítimas de anos de conflito, principalmente na Síria e no Iraque.
O chefe da Igreja Católica é acompanhado por uma delegação de cerca de 30 pessoas e por 70 jornalistas.
Por volta das 160 locais, ele vai celebrar uma missa no estádio internacional de Amã e, às 19h, visitará o rio Jordão, lugar onde, de acordo com a tradição, Jesus foi batizado.
Um dos momentos mais delicados e comoventes do primeiro dia será o encontro com refugiados sírios e iraquianos.
“Ele deve constatar pessoalmente a situação dos cristãos na Síria. Vai ver o que o terrorismo causou a eles”, disse à France Presse uma refugiada síria.
Os cristãos representam cerca de 10% da população da Síria, enquanto os cristãos da Jordânia -católicos e ortodoxos- são em torno de 250 mil pessoas de um total de sete milhões de habitantes.
Segundo o primeiro-ministro jordaniano, Abdullah Nsur, a visita do Papa permitirá mostrar a imagem de um país de tolerância e paz em uma região marcada por “sangue, guerras e repressão”.
O pontífice argentino, que defende uma Igreja pobre e austera, quer evitar qualquer tipo de instrumentalização política de sua segunda viagem apostólica internacional depois da feita ao Brasil para as Jornadas Mundiais da Juventude, no ano passado.
“Trata-se de uma visita estritamente religiosa”, advertiu na quarta-feira o próprio Papa, que deseja comemorar o aniversário de 50 anos da primeira viagem de um pontífice à Terra Santa, realizada por Paulo VI, em janeiro de 1964, e que marcou o início do relaxamento nas relações entre judeus e católicos.
O programa está marcado por encontros ecumênicos e interreligiosos.
No Cenáculo de Jerusalém, onde, de acordo com a tradição, aconteceu a última ceia de Jesus Cristo antes de ser crucificado, o Papa se reunirá com líderes ortodoxos de diversas igrejas cristãs.
O rabino de Buenos Aires, Abraham Skorka e o professor muçulmano, Omar Abboud, presidente do Instituto do Diálogo Interreligioso da capital argentina, dois amigos e compatriotas, acompanharão Francisco ao longo de toda a viagem.
Em uma entrevista à Rádio Vaticano, o secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, reconheceu que a viagem é feita a uma região difícil.
O papa argentino vai reiterar a posição histórica do Vaticano diante do conflito entre israelenses e palestinos, a favor de dois povos e dois Estados.
No entanto, dois elementos novos estão sendo destacados em relação às visitas de João Paulo II (2000) e Bento XVI (2009): Francisco visitará primeiro os Territórios Palestinos e depois Israel, e por outro lado, em todos os documentos oficiais da viagem, refere-se a um ‘Estado Palestino’, tal como estabeleceu oficialmente a Santa Sé em 2012.