Jornalista cria dicionário com 10 mil palavras do vocabulário nordestino

Entre as expressões reunidas, estão “fastiosa” e “menina buchuda”.
Modo de falar nordestino foi criando novas palavras ao longo da história.

Um jornalista reuniu, em um dicionário, 10 mil palavras e gírias criadas pelos nordestinos. Catirina e o marido Mateus são personagens conhecidos do folclore nordestino. O vocabulário da dupla é repleto de expressões regionais.

Expressões como “fastiosa” (que quer dizer “sem fome”), “falando mais que o homem da cobra” (“falando muito”), “menina buchuda” (“mulher grávida”) aparecem no dicionário. Tudo provoca muitas gargalhadas e ninguém escapa do bom humor.

Foi esse jeito de falar das pessoas nos mercados, nas ruas, mais as expressões usadas pelas donas de casas, pelos jovens e pelo povo simples que deram origem a um trabalho de investigação jornalística profundo, detalhista, que durou mais de 19 anos.

O resultado é o mais completo dicionário do nordeste com 10 mil palavras e termos regionais que não param de sair da boca do povo a todo instante.

O jornalista pernambucano Fred Navarro foi quem traduziu a língua do povo e descobriu inúmeras curiosidades. “Na Paraíba, quando uma pessoa é muito ligada a outra é chamada de ‘aquilo é bebé com tomé, a corda e a caçamba’.

Uma pessoa muito baixinha em Alagoas, eles falam que ‘é jóquei de cabrito’”, conta Navarro.

Algumas expressões têm significados diferentes como “o cão chupando manga”. No Rio Grande do Norte, no Piauí e no Ceará, é uma pessoa malvada. Em Alagoas, em Pernambuco e na Paraíba, é uma pessoa bamba, primeiro da turma”, explica o escritor do dicionário.

É isso mesmo. No nordeste é assim: a cada dia, surgem novas expressões, novas palavras.