Devotos lotam Centro em procissão para homenagear padroeira do Recife
Milhares de católicos acompanharam cortejo de Nossa Senhora do Carmo.
Antes, fiéis participaram de missa campal com Dom Fernando Saburido.
Ponto alto das festividades em homenagem ao dia de Nossa Senhora do Carmo, padroeira do Recife, a procissão com a imagem da santa arrastou milhares de pessoas pelas ruas do Centro do Recife, no início da noite desta quarta (16).
Logo que o andor começou a ser carregado pelo Pátio do Carmo, uma verdadeira multidão se mobilizou para acompanhar a caminhada. Por conta da euforia, uma mulher chegou a passar mal, com falta de ar.
Um trio elétrico foi à frente da procissão, liderando o percurso que incluiu as avenidas Nossa Senhora do Carmo, Martins de Barros, Guararapes e Dantas Barreto, além da Rua do Sol. A empregada doméstica Maria José nem se importou com o peso de um tijolo que, orgulhosa, carregava em forma de agradecimento à santa.
Segundo ela, uma prece para reformar a pequena casa onde morava, em Jaboatão dos Guararapes, foi alcançada graças à padroeira do Recife. “Consegui fazer um primeiro andar, coloquei dois quartos, agora a casa está uma beleza. Fiz questão de negociar uma folga no trabalho para vir aqui agradecer”, afirma.
Quem também se destacava no meio dos fiéis era a produtora de eventos Acely Vítor, que erguia a todo momento, apontando na direção da imagem da Virgem do Carmelo, uma carteira de trabalho com três fotos 3×4 coladas. “Meu filho, minha nora e meu vizinho estão desempregados. Como Nossa Senhora nunca falhou comigo, sei que ela também irá ajudá-los”, conta.
Acely frequenta as celebrações em homenagem à santa há 18 anos, mas foi a partir de 2010 que ela passou a ter uma atenção ainda mais especial com a data. Em julho daquele ano, o filho sofreu um acidente de moto, perdeu os movimentos de um braço e por muito pouco não teve a perna amputada. “Quatro dias antes do dia 16 (dia da padroeira), o médico foi passar uma pomada na perna dele e viu que a cicatrização estava muito avançada. No fim das contas, no lugar da perna ele perdeu um dedo do pé”, lembra.
Entoando coros de reverência à Nossa Senhora do Carmo, milhares de fiéis acompanharam a procissão até o fim. Uma parte, no entanto, preferiu aguardar o retorno do andor ao Pátio, por volta das 19h15. “Passei um tempo morando no Rio Grande do Norte e agora que voltei ao Recife, nunca deixo de vir à festa”, conta José Ferreira, que estava acompanhado da esposa, Jaildete Menezes.
Em 2014, a Arquidiocese de Olinda e Recife celebra 105 anos da escolha da santa como padroeira secundária da capital pernambucana, que já tem Santo Antônio como padroeiro. “Maria, como mãe, ela é sensível aos problemas, especialmente dos pobres e mais necessitados. É por essa sensibilidade de Maria que as pessoas acolhem a data com carinho”, pontua o arcebispo Dom Fernando Saburido. O então papa e hoje santo da Igreja Católica, Pio X, foi o responsável por proclamar o título de co-padroeira à Virgem do Carmelo.