Críticas mostram que Aécio é contra o Mais Médicos, diz Dilma
Presidente conversou nesta sexta (18) com internautas no Facebook.
Na quarta (15), Aécio disse que criaria novas regras para o Mais Médicos.
A presidente Dilma Rousseff afirmou em bate-papo com internautas no Facebook, nesta sexta-feira (18), que as críticas feitas pelo candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, ao programa Mais Médicos mostram que o tucano é contra o programa. O chamado “Face to face” foi feito na página da presidente na rede social administrada pelo PT.
Aécio havia dito na quarta-feira (15), ao ser indagado por jornalistas sobre as polêmicas geradas no país com a contratação de profissionais cubanos para o programa Mais Médicos, que, na hipótese de ser eleito, irá manter a iniciativa federal, inclusive com os médicos da ilha caribenha. No entanto, afirmou que criará novas regras para o programa, entre as quais isonomia de salários entre os profissionais estrangeiros. Disse também que vai passar a exigir que os médicos de Cuba se submetam ao exame de revalidação do diploma, uma das principais exigências das entidades médicas brasileiras.
Atualmente, os médicos cubanos do programa ganham valor inferior aos dos demais profissionais. O pagamento deles é feito pelo governo cubano, como parte de um acordo do qual fazem parte também o governo brasileiro e a Opas (Organização Panamericana de Saúde).
“Para nós, as críticas ao programa feitas pelo senador [Aécio] não significam uma sugestão para a melhoria do programa. Na verdade, essas críticas demonstram simplesmente que o senador é contra o Mais Médicos, aliás como foi a posição do seu partido, ao longo de todo o processo de aprovação”, ressaltou a presidente, após um internauta perguntá-la sobre se não iria responder às críticas do presidenciável do PSDB.
Questionada sobre o motivo de o valor repassado aos profissionais cubanos ser inferior ao dos demais bolsistas do programa, a presidente alegou que a diferença se deve ao fato de eles serem funcionários do governo de Cuba.
Segundo ela, além da bolsa bancada pelo governo brasileiro, os profissionais da ilha caribenha ainda recebem salário e outros benefícios por parte de Cuba.
Os valores recebidos pela atuação no Mais Médicos, ressaltou Dilma, servem como “ajuda de custo adicional”. “Além disso, todos os gastos com moradia, alimentação e transporte para o posto de saúde onde trabalham são de responsabilidade das prefeituras que aderiram ao Mais Médicos”, observou a chefe do Executivo.
Atualmente, os cubanos recebem mensalmente US$ 1.245 (equivalentes a R$ 2.777) para atuar no Mais Médicos. Os demais participantes do programa, entretanto, recebem R$ 10.482.
Face to face
Esta foi a primeira vez o que bate-papo com Dilma no Facebook ocorreu no perfil da presidente. Nas edições anteriores, nas quais a presidente falou, por exemplo, sobre Copa do Mundo e o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), o “Face to face” era realizado no perfil do Palácio do Planalto.
Segundo a presidente, o Mais Médicos atende 3,7 mil municípios e 34 distritos indígenas, garantindo, assim, a cobertura médica a 50 milhões de pessoas. Ao defender o programa aos internautas, Dilma afirmou que o Mais Médicos “sempre” dará prioridade aos profissionais formados no Brasil.
De acordo com a presidente, 87% dos profissionais que atuam no programa obtiveram o diploma no exterior. “Quando nós fizemos a primeira chamada que priorizava os médicos com registro no Brasil, apenas 1.846 médicos se apresentaram”, afirmou.
Em resposta a perguntas de internautas, Dilma ressaltou que o Mais Médicos “deu certo” e que resolveu “de forma rápida” um dos grandes problemas de atendimento médico no Brasil. A presidente ainda citou o estado de São Paulo que, segundo ela, foi a unidade da federação que mais apresentou demanda por profissionais.
Dilma rebateu a alegação de prefeitos que afirmaram não conhecer exatamente as regras do programa. Segundo a presidente, os números do Mais Médicos, como os de municípios atendidos e os de profissionais participantes, mostram que o programa foi apresentado “inúmeras vezes” às prefeituras.
“Infelizmente, no Brasil não temos médicos em número suficiente. Formar médicos leva tempo. Seis anos de graduação, três a quatro anos de residência. Por isso, tivemos de trazer médicos do exterior”, defendeu.
Médicos cubanos
Ao ser questionada por um dos internautas sobre o porquê de o governo federal decidir contratar médicos cubanos, Dilma defendeu a qualidade dos profissionais de Cuba e ressaltou que a média de médicos por habitante no país caribenho é a maior para cada mil habitantes.
“Portanto, em Cuba, há uma oferta de médicos com boa formação que atendem de forma qualificada e humana, e que têm experiência de cooperação internacional com vários países”, publicou Dilma no “Face to face”.
Em diversos momentos no bate-papo, Dilma defendeu as políticas de saúde pública adotada pelo governo federal e citou alguns programas como o “Saúde Não Tem Preço”, que oferece remédios gratuitos para hipertensão, diabetes e asma.
Questionada sobre se o Mais Médicos tem prazo indeterminado, Dilma informou que o profissional pode ficar três anos no Brasil e renovar a permanência por mais três. “Daí porque nós estamos fazendo o programa de ampliação das vagas de graduação em faculdades de medicina – públicas e privadas. A meta é criar 11.500 vagas de graduação até 2017”, afirmou.
Saída dos médicos
Ao ser indagada sobre os motivos para a evasão de “tantos médicos” do programa federal, como o caso da cubana Ramona Rodrigues, que abandonou o Mais Médicos, Dilma apresentou dados aos internautas para afirmar que há “desinformação” sobre o tema.
“Não há evasão significativa de médicos do programa. Apenas 1,2% dos médicos desistiram por razões diversas. Dos 174 que saíram, 144 eram brasileiros. Ou seja, a grande maioria, 82%. Portanto, há uma grande desinformação sobre essa questão”, publicou Dilma.