Conflito entre Israel e Hamas se intensifica e há mais mortes em Gaza
Mais de 500 palestinos e 20 israelenses morreram em confrontos.
Conselho de Segurança da ONU pediu ‘fim imediato das hostilidades’.
O conflito entre Israel e o Hamas continuava se intensificando nesta segunda-feira (21) na Faixa de Gaza, após seu dia mais sangrento e apesar dos apelos da comunidade internacional por uma trégua.
O Conselho de Segurança da ONU pediu no domingo “o fim imediato das hostilidades”, que já deixaram mais de 500 palestinos e 20 israelenses mortos – 18 deles soldados – desde o início do conflito, no dia 8 de julho.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, declarou em um comunicado que a operação se desenrolava conforme o planejado e inclusive superava as expectativas em relação à destruição de túneis subterrâneos do Hamas – que controla a Faixa – em direção a Israel.
Na manhã desta segunda, ao menos nove palestinos de uma mesma família, entre eles quatro crianças, perderam a vida em um ataque aéreo israelense contra sua casa em Rafah (sul da Faixa).
Em Khan Yunes, também no sul, foram encontrados os cadáveres de 16 pessoas sob os escombros de uma casa também alvo de um bombardeio.
Mais de 140 palestinos morreram no domingo, a metade deles em Shejaiya, um bairro periférico do leste da cidade de Gaza (norte) atacado duramente pelo exército israelense.
Ao sul de Israel, o exército matou nesta segunda-feira dez combatentes palestinos que conseguiram se infiltrar por dois túneis do reduto controlado pelo movimento islamita Hamas.
Segundo a rádio militar, soldados israelenses foram atingidos durante a troca de tiros, sem informar se haviam sido mortos ou feridos.
Na manhã desta segunda as localidades israelenses localizadas perto da Faixa de Gaza foram colocadas em estado de alerta e seus habitantes foram alertados a não sair de suas casas.
Na frente diplomática, o Conselho de Segurança da ONU pediu o retorno “ao acordo de cessar-fogo de novembro de 2012” entre Israel e o Hamas e convocou “o respeito às leis humanitárias internacionais, especialmente sobre a proteção de civis”.
O presidente americano, Barack Obama, disse que enviará seu secretário de Estado, John Kerry, ao Cairo nesta segunda e declarou buscar um cessar-fogo.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, atualmente no Oriente Médio, pediu em Doha que Israel faça muito mais para evitar as vítimas civis, denunciando a ação atroz do exército em Shejaiya.
Ban visitará nesta segunda-feira o Kuwait e também deve viajar ao Cairo, a Jerusalém, Ramallah (Cisjordânia) e Amã.
Crime contra a humanidade
O presidente palestino, Mahmud Abas, que se reuniu no domingo em Doha com Ban Ki-moon, classificou em uma mensagem televisionada o bombardeio de Shejaiya de “crime contra a humanidade”, cujos autores devem ser julgados e punidos.
Os ataques contra este bairro foram os mais sangrentos desde a guerra de 2008-2009 no reduto palestino.
“Shejaiya é uma zona civil onde o Hamas mobilizou seus foguetes, constrói seus túneis e tem seus centros de comando (…) Advertimos os civis a deixarem o local, mas o Hamas ordenou que permanecessem…”, justificou o exército israelense.
Para Israel, o dia de domingo também foi sombrio: treze soldados da brigada de elite Golani morreram em combate, elevando a 18 o número de militares mortos, uma quantidade sem precedentes desde a guerra do Líbano de 2006. Também há 55 militares feridos.
Dois civis israelenses faleceram desde o início da operação “Barreira Protetora”.
O braço armado do Hamas afirmou no domingo ter sequestrado um soldado israelense, provocando manifesta~]pes de alegria nas ruas da cidade de Gaza, mas a informação foi desmentida pelo embaixador israelense da ONU, Ron Prosor.
Israel mobilizou 53.200 homens dos 65.000 reservistas autorizados pelo governo para a ofensiva neste pequeno território de 362 km2, onde vivem na miséria 1,8 milhão de habitantes, ou seja, uma das densidades de população mais elevadas do mundo.
A nova espiral de violência foi desencadeada após o sequestro e o assassinato de três estudantes israelenses em junho, atribuídos por Israel ao Hamas, seguidos pelo assassinato de um jovem palestino, queimado vivo em Jerusalém.
Da France Presse