Jovens do Projeto Escola das Águas trocam experiências sobre quintais produtivos e manejo de Caatinga
No dia 19 de agosto, jovens dos municípios de Flores, Serra Talhada e Santa Cruz da Baixa Verde envolvidos no Projeto Escola das Águas participaram de um intercâmbio para troca de experiências no Assentamento Barra Nova, município de Serra Talhada, Sertão do Pajeú.
Atividade promovida pelo Centro de Educação Comunitária Rural (Cecor), os educandos puderam conhecer duas experiências diferentes de convivência com o Semiárido. Um grupo visitou os quintais produtivos agroecológicos das mulheres e o outro a área de manejo de Caatinga que é mantida pelos moradores do assentamento, com apoio da Associação Plantas do Nordeste (APNE), prova de que é possível usufruir da mata nativa sem devastar.
O Assentamento Barra Nova foi fundado no de 2007 e atualmente conta com seis famílias que dependem da agricultura e do bioma para sobreviver. O diferencial destas famílias é o respeito que dedicam ao meio ambiente e a interação preservada entre si. São famílias que partilham suas experiências e conhecimentos, e ajudam umas as outras na hora de cultivar suas hortas e comercializar a produção.
“Esta visita é importante para que os jovens despertem desde cedo para o valor das sementes, da coletividade e da agroecologia na produção de alimentos, por isso o projeto aposta na juventude, o futuro do Semiárido”, explica Kelle Souza, coordenadora pedagógica do Cecor e responsável pela execução do Projeto Escola das Águas nos três municípios.
Referência em Serra Talhada, a família da agricultora Maria Alexandrina da Silva (53), “Dona Xanda”, é exemplo para as demais na comunidade. Cultiva uma grande variedade de frutas, hortaliças, cereais, legumes e plantas medicinais, tudo produzido sem agrotóxico, num espaço de meio hectare, ao lado de casa. Produção que é comercializada aos sábados na Feira Agroecológica.
“Começamos com um quintal coletivo aqui perto de casa, mas o espaço foi ficando pequeno pra todo mundo e, por isso, estamos fortalecendo outros quintais na comunidade, pra que cada família tenha sua produção e possa levar pra feira”, explica dona Xanda, que trabalha ao lado do marido Luiz Vitorino Gomes (57) e do filho Alécio da Silva Gomes (24). Além do quintal de Dona Xanda, o grupo ainda visitou as hortas das agricultoras Francisca Maria Gomes (50) e Cícera Maria da Silva (53).
“Me chamou atenção como numa área pequena e com todas as dificuldades da região é possível plantar várias coisas, e ter sucesso na produção”, destaca Wildiane França, do Sítio São Paulo, em Santa Cruz da Baixa Verde.
Dos 145 hectares do assentamento, 45 são destinados para o manejo de Caatinga, experiência que está sendo seguida por outras comunidades e encantou os jovens do projeto. “O grupo ficou surpreendido com a área de manejo, principalmente com a história de Seu Luiz Vitorino, que conseguiu retirar de forma legal 22 carradas de lenha em 2013, cerca de 312 metros do produto, sem matar a vegetação”, afirma Valdir Vieira, técnico do Cecor.
Para Hernando Nunes da Silva, morador do Sítio Estreito, em Flores, muitos agricultores não sabem como fazer o manejo, por isso a experiência tem que ser compartilhada. “Achei interessante o trabalho das famílias, como elas extraem a Caatinga para sobrevivência de forma simples e sustentável, precisamos fazer uma transição desta prática para os agricultores de flores”, diz entusiasmado.
Vídeo – Durante o intercâmbio foram captadas imagens e depoimentos para um vídeo comemorativo pelos 20 anos da ONG Chapada.
Por Juliana Lima – Núcleo de Comunicação do Cecor