CIA fez médicos torturarem suspeitos de terrorismo, diz relatório
Estudo foi publicado por organização após dois anos de pesquisa nos EUA.
Detentos teriam sido submetidos a privação de sono e alimentação forçada.
Médicos e psicólogos que trabalham para os militares dos EUA torturaram presos após os atentados de 11 de setembro nos Estados Unidos, informou o relatório do Grupo de Trabalho sobre a Preservação do Profissionalismo nos Centros de Detenção de Segurança Nacional, estudo independente divulgado nesta segunda-feira (4).
A CIA considera “equivocadas” as conclusões do documento e o Pentágono as classificou de “absurdas”.
O relatório, que foi elaborado após dois anos de pesquisa, tem como título “A ética abandonada: profissionalismo médico e abuso dos detentos na guerra contra o terrorismo”. O texto pede uma investigação da Comissão de Informação do Senado dos Estados Unidos.
“O Departamento de Defesa e a CIA exigiram de maneira abusiva a seus profissionais de saúde que colaborassem em operações de informações e segurança de tal maneira que infligiram graves sofrimentos aos reclusos”, destaca o relatório.
Entre as práticas, o estudo realizado por 20 analista jurídicos, médicos e militares destaca a “concepção, participação e aplicação de torturas e tratamentos cruéis, desumanos e degradantes” a homens detidos em prisões americanas no Afeganistão, em Guantánamo ou em locais secretos da CIA.
“Em nome da segurança nacional, os militares desviaram o juramento (de Hipócrates) e os médicos foram transformados em agentes de informação”, critica o doutor Gerald Thomson, professor de Medicina da Universidade de Columbia.
Leonard Rubenstein, professor de Direito da Saúde Pública na Universidade Johns-Hopkins, citou a alimentação forçada dos detentos em greve de fome em Guantánamo, os interrogatórios enérgicos e as simulações de afogamento de suspeitos de terrorismo nas prisões secretas da CIA.
Médicos e enfermeiras “legitimam estas práticas com sua presença e dizendo que são clinicamente aceitáveis”, declarou à AFP.
Procurada pela AFP, a CIA afirmou que o relatório “contém inexatidões graves e conclusões equivocadas”.
“É importante ressaltar que a CIA não tem mais nenhum preso e que o presidente Obama decretou o fim do programa de detenção e interrogatório em 2009”, declarou o diretor de comunicação da agência, Dean Boyd.
A reação do Pentágono foi parecida. O porta-voz Todd Breasseale afirmou que ‘nenhum dos críticos teve acesso de fato aos detidos, a seus boletins médicos nem aos procedimentos’ na prisão de Guantánamo.
Breasseale elogiou o grande profissionalismo dos médicos que trabalham “em condições de grande estresse” e dão “o melhor atendimento aos detentos”.
Da AFP