PM e ex-PM são presos sob suspeita de matarem integrantes da Pavilhão 9
Oito pessoas foram assassinadas na quadra da torcida organizada.
DHPP diz que um dos assassinados tinha dívida por droga com ex-PM.
Do G1
Um policial militar e um ex-PM foram presos na manhã desta quinta-feira (7) em Carapicuíba, Grande São Paulo, sob suspeita de participação na chacina na sede da torcida Pavilhão Nove, do Corinthians, na Zona Norte da capital paulista, segundo informou o Bom Dia São Paulo. Oito pessoas foram assassinadas no último dia 18.
Segundo o DHPP, a chacina ocorreu por dívidas de drogas. Um dos oito assassinados devia dinheiro para o ex-PM Rodinei Silva, que já tinha passagem pela polícia por tráfico de drogas. O nome do policial não foi divulgado.
O PM e o ex-PM tiveram a prisão temporária decretada (15 dias, renováveis por mais 15) e foram levados para a sede do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP). Há mais mandados de prisão contra outros suspeitos, inclusive policiais.
De acordo com o relato de dois dos cinco sobreviventes da chacina, os criminosos teriam se identificado como “polícia” no momento em que chegaram à quadra, por volta das 23h. Os criminosos estavam com o rosto descoberto. Em seguida, mandaram oito torcedores se ajoelhar e atiraram nas cabeças deles.
A Polícia chegou a informar que a ordem para executar os oito torcedores do Corinthians partiu deuma facção criminosa que atua dentro e fora dos presídios.
O Ministério Público (MP) de São Paulo acompanha a investigação policial sobre a chacina. No último dia 22, o procurador-geral de Justiça, Márcio Fernando Elias Rosa, determinou que os promotores do 5º Tribunal do Júri acompanhem os trabalhos da Polícia Civil para esclarecer o crime ocorrido no sábado (18).
A Promotoria poderá ter acesso ao inquérito do DHPP. Mas somente após sua conclusão do crime por parte da polícia é que um dos promotores será designado para apurar o caso na esfera judicial.
Mortos
Foram assassinados: Ricardo Junior Leonel do Prado, de 34 anos, André Luiz Santos de Oliveira, de 29 anos, Mateus Fonseca de Oliveira, de 19 anos, Fabio Neves Domingos, de 34 anos, Jhonatan Fernando Garzillo, de 21 anos, Marco Antônio Corassa Junior, de 19 anos, Mydras Schmidt, de 38 anos, e Jonathan Rodrigues do Nascimento, de 21 anos.
Os corintianos mortos preparavam bandeiras que seriam levadas para o jogo contra o Palmeiras, no domingo (19), na Arena Corinthians, em Itaquera, Zona Leste. Câmeras de segurança de um posto de combustível, que fica ao lado da quadra da torcida, gravaram outras pessoas fugindo, escapando dos assassinos.
Para a polícia, o alvo dos bandidos era um só: Fabio Domingos, ex-presidente da torcida. Ele foi o único dos mortos a receber dois tiros. Os demais foram atingidos por um disparo.
Fábio era um dos 12 corintianos presos em Oruro, na Bolívia, em 2013. Estava entre os suspeitos de disparar um sinalizador que atingiu e matou o adolescente boliviano Kevin Espada, torcedor do San José, num jogo contra o Corinthians pela Libertadores.
Ainda de acordo com a investigação, depois de ser solto, Fábio se envolveu numa briga entre corintianos e vascaínos em Brasília.
Segundo os policiais, Fábio e mais três outras vítimas também já haviam sido condenados por tráfico de drogas, o que reforça a tese de que a chacina tenha relação com disputa ou dívidas de entorpecentes.
Sobrevivente
A mãe de um dos oito mortos contou ao G1que um dos sobreviventes da chacina disse a ela ter se enrolado em uma bandeira do time e deixado vivo pelos criminosos. “Disseram para ele que ele tinha sorte que as balas tinham acabado e que ele ficou vivo para contar tudo”, disse a mulher, que pediu para não ser identificada por medo de represálias.
Segundo ela, outros quatro rapazes que estavam no local conseguiram arrombar uma porta e fugir. A mulher esteve no Instituto Médico-Legal (IML) para fazer o reconhecimento do corpo do filho, e disse que as vítimas foram espancadas antes de morrer. “Deixaram o rosto e o braço dele todo machucado”, afirmou.
A torcida organizada Pavilhão Nove foi criada em homenagem aos presos mortos em um dos pavilhões da penitenciária do Carandiru, em São Paulo, em outubro de 1992. Ela foi criada por um grupo de amigos que fazia trabalho social no presídio e promovia jogos de futebol contra o time “Corinthians do Pavilhão 9”.