‘Falta de confiança’ é obstáculo para negociação nuclear, afirma Irã

República islâmica também não aceita perder direito de enriquecer urânio.
Negociação com potências vai ser retomada nesta quinta-feira (21)

O chefe dos negociadores iranianos em Genebra advertiu nesta quinta-feira (21) que a “falta de confiança” é um obstáculo para alcançar um acordo nas negociações nucleares em Genebra entre a república islâmica e as grandes potências.

“O principal obstáculo é a falta de confiança pelo que aconteceu na última reunião. Até que confiança seja recuperada, não poderemos prosseguir com negociações construtivas”, declarou Abbas Araghchi.

No início de novembro, um rascunho de acordo não foi assinado depois que as grandes potências introduziram alterações no texto.

Mais cedo, Araghchi disse que o Irã não aceitará nenhum acordo nuclear com as grandes potências que não contemple o direito de enriquecer urânio.

“Nenhum acordo que não inclua o enriquecimento de urânio do início ao fim não será aceito”, escreveu Araghchi no Twitter, segundo a agência oficial IRNA, antes do reinício das negociações nesta quinta-feira.

Representantes das seis potências dizem que um acordo preliminar com medidas para o fortalecimento da confiança mútua ainda poderá ser alcançado, após uma década de impasse por causa das suspeitas ocidentais de que o Irã estaria desenvolvendo armas nucleares — algo que a República Islâmica nega, insistindo no caráter pacífico das suas atividades.

O chanceler francês, Laurent Fabius, que se manifestou contra o acordo discutido nas reuniões de 7 a 9 de novembro, foi perguntado pelo canal France 2 sobre se haveria um acordo.

“Espero que sim”, respondeu. “Mas esse acordo só pode ser possível com base na firmeza. Por enquanto, os iranianos não puderam aceitar a posição dos seis. Espero que aceitem.”

Pelo acordo em discussão, o Irã abriria mão de enriquecer urânio até uma concentração físsil de 20 por cento, o que é um passo importante para desenvolver matéria-prima para armas nucleares. O país também deveria se abrir a mais inspeções da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), e desistiria de colocar em operação o seu reator de pesquisas na usina de Arak.

Em troca, as potências poderiam aceitar uma liberação gradual de ativos iranianos congelados no exterior, um relaxamento temporário das restrições ao comércio de metais preciosos e talvez a suspensão da pressão dos EUA contra outros países para que deixem de comprar petróleo iraniano.

Após uma década de confronto, o Irã adotou uma postura de maior abertura para as negociações depois da posse do moderado Hassan Rouhani como presidente, em agosto.

Mas, na quarta-feira, o líder supremo do país, aiatolá Ali Khamenei, repetiu num discurso que o Irã não abrirá mão de ter um programa nuclear pacífico, e disse ter estabelecido “limites” para seus representantes em Genebra.

As discussões na cidade suíça começaram na quinta-feira com uma reunião entre o chanceler do Irã, Mohammad Javad Zarif, e a chefe da diplomacia da União Europeia, Catherine Ashton, que representa as seis potências. Reuniões bilaterais serão marcadas ao longo do dia.

Netanyahu
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, prometeu nesta quinta que Israel nunca permitirá que Irã possua uma bomba atômica.

“Prometo que o Irã não terá uma arma nuclear”, disse Netanyahu, que nunca descartou uma ação militar contra a República Islâmica do Irã, durante um discurso dirigido aos líderes da comunidade judaica russa em Moscou.

Do G1

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