Desde antes do América-PE, o técnico Marcelo Martelotte havia sido enfático: a disputa estava aberta entre os jogadores do grupo. E, quem fosse debutar na partida – vitória por 4 a 2, no Arruda – e atuasse bem, poderia colocar uma “pulga atrás de sua orelha”. Passada o confronto, que pode ter sido o divisor de águas para algumas peças, uma “boa dor de cabeça” deve aparecer para o comandante. Está nas mãos de Martelotte, que tem dois dias de recuperação para montar o time com foco na estreia da Copa do Nordeste, contra o Bahia. Com mudanças ou não.

– Todos podem jogar. Até quem não começou contra o América-PE. A análise é feita também dentro da partida. Temos de pensar em recuperar os jogadores a partir de amanhã e ver a condição deles até domingo. Depois é que vou definir – disse Martelotte.

Se depender da torcida, o lateral não foi aprovado no teste. Ele mostrou velocidade, principalmente no segundo tempo, e ensaiou arrancadas. Mas mostrou deficiência nos cruzamentos. Algumas vezes, os torcedores esboçaram vaias, mas outros reconheceram a força de vontade do garoto. Foi a primeira vez que entrou em campo este ano. Como o “concorrente” é o experiente Vítor, de 33 anos – o segundo jogador mais velho do elenco -, é quase certo que o antigo dono retome o posto e Lucas tenha de esperar mais um pouco.

O zagueiro não comprometeu. Pode pesar o fato do sistema defensivo ter sofrido dois gols na partida. Há quem defenda a permanência do jogador – ele era titular na Série B do ano passado até sofrer uma lesão na coxa. Quem saiu para a entrada dele foi Alemão e, nessa vaga, a disputa parece aberta. No geral, Néris oscilou contra o América-PE, mesclou lances de afobação e de maior segurança. Foi a primeira apresentação nesta temporada numa partida de campeonato.

O volante tem tudo para seguir entre os titulares. Os ingredientes para isso conspiram a seu favor. Além de ter feito uma partida segura e até elogiada pelo meia João Paulo – que ganhou mais liberdade com a sua chegada -, o jogador vê o principal concorrente não atravessar um bom momento. Daniel Costa vinha sendo vaiado por parte da torcida e, contra o América-PE, perdeu um pênalti, que pode fazer com que Marcelo Martelotte tenha mais cautela, colocando-o aos poucos na equipe.

Wallyson ganhou a empatia do torcedor ao entrar bem no empate por 1 a 1, contra o Salgueiro. Nele, deu uma assistência para o gol de Grafite, mesmo após oito meses sem disputar um jogo oficial. Dessa vez, como titular no lugar de Raniel, foi além: fez uma boa jogada e abriu o marcador na vitória por 4 a 2, sobre o América-PE. Só saiu de campo no segundo tempo porque estava cansado. Se for pelos números, não deve deixar a equipe, mas a disputa segue firme porque tem o prata da casa na ponta dos cascos e, aos 19 anos, querendo retomar o posto. Mas o poder de decisão pode caminhar ao lado de Wallyson neste momento.

As dores não deixaram Arthur mostrar o melhor futebol. Uma possível chance de continuar e barrar a duríssima concorrência de Grafite acabou aos 36 minutos, quando sentiu dores no joelho direito. De tão insuportáveis, fizeram o jogador mancar. Arthur deixou o campo e viu mais um atleta – que até então não tinha os holofotes apontados para si – entrar forte na briga, reacendendo uma disputa do ano passado.

Eis o elemento “surpresa”, se é que assim pode ser chamado. Bruno Moraes,  o “General” – apelido dado pela torcida após marcar nove gols na disputa da Série B do ano passado – só precisou de um toque na bola para fazer o primeiro dele gol em 2016. Se Grafite der bobeira, Bruno mostrou que está à espreita mais uma vez.