Acordo nuclear deve começar a valer até começo de janeiro, diz Irã

Informação é do representante iraniano na agência nuclear da ONU.
Acordo entre Teerã e as seis potências foi fechado em 24 de novembro.

A implementação do acordo nuclear entre o Irã e as seis potências deve começar a valer no fim de dezembro ou no começo de janeiro, disse nesta sexta-feira (29) o enviado iraniano à agência nuclear da ONU.

O acordo foi fechado em 24 de novembro em Genebra. O acordo limita o programa nuclear iraniano – com suspensão de parte das atividades nucleares por seis meses – em troca de alívio nas sanções impostas ao país

Questionado sobre quando esperava que começasse a valer o acordo, válido por seis meses, o embaixador Reza Najafi disse a jornalistas: “Esperamos que ou no fim de dezembro ou no começo de janeiro devemos começar a implantar as medidas acordadas pelos dois lados”.

O acordo, firmado após mais de quatro dias de negociações entre Irã e EUA, França, Rússia, China, Reino Unido e Alemanha, foi feito para ganhar tempo para negociações de um acordo definitivo sobre o polêmico programa nuclear iraniano.

Em virtude do acordo, o Irã deixará de enriquecer urânio a mais de 5% durante seis meses, suspenderá a construção do reator de água pesada de Arak, destinado inicialmente a fabricar plutônio, um material útil para fabricar bombas atômicas, e permitirá um acesso maior dos inspetores internacionais às instalações nucleares.

Em compensação, serão aliviadas em parte as sanções internacionais impostas há anos ao Irã por enriquecer urânio.

As potências ocidentais e Israel suspeitam que o Irã quer dotar-se de armas atômicas sob pretexto de conduzir um programa nuclear civil. Teerã sempre negou que esse seja seu objetivo.

A AIEA terá um papel primordial na hora de verificar a aplicação do acordo.

Najafi disse que já houve conversas preliminares com a agência a propósito da verificação.

Na quinta-feira, o diretor-geral da agência atômica da ONU, Yukiya Amano, admitiu que sua instituição não tem meios suficientes para desempenhar as tarefas suplementares previstas pelo acordo de Genebra.

“Isso vai requerer uma quantidade significativa de dinheiro e um aumento de pessoal. O orçamento da AIEA está muito apertado. Não creio que possamos cobrir o conjunto das tarefas com nosso próprio orçamento”, afirmou.

Também na quinta, o Irã convidou a AIEA para inspecionar, a partir de 8 de dezembro, o local de produção de água pesada em Arak.

O reator de Arak está no centro das preocupações das grandes potências, pois poderia fornecer ao Irã a capacidade de extrair plutônio, uma alternativa ao urânio enriquecido para construir uma bomba atômica.

A AIEA já inspecionou em várias ocasiões este reator, mas nunca recebeu detalhes sobre o seu projeto e seu funcionamento desde 2006 e não é autorizada a visitar o local de produção de água pesada desde agosto de 2011.

O Irã se comprometeu a abrir a usina de Arak para inspetores da agência dentro do acordo provisório de seis pontos para “estabelecer a confiança entre as duas partes”.

Este acordo, assinado em Teerã em 11 de novembro durante uma visita de Yukiya Amano, também inclui uma visita à mina de urânio de Gachin e um compromisso do Irã de fornecer informações sobre seus possíveis planos para novos reatores nucleares de enriquecimento no local.

“Todas as demais questões em suspenso, incluindo as levantadas em relatórios anteriores, serão abordados aos poucos”, disse o chefe da AIEA.

Desmantelamento
O presidente iraniano, Hassan Rohani, exclui o desmantelamento das instalações nucleares do Irã, segundo uma entrevista publicada pelo “Financial Times” nesta sexta-feira, após o acordo de Genebra sobre o polêmico programa nuclear de Teerã.

Perguntado se o desmantelamento das instalações nucleares de seu país é uma linha vermelha intransponível para seu governo, Rohani respondeu: “100% sim”.

Do G1

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