Movimentos sociais estão na mira do governo Michel Temer
Eventual administração do vice-presidente deve trazer reveses para organizações dos sem-terra, dos sem-teto e para a UNE
Do Correio Braziliense
O futuro governo de Michel Temer terá uma relação conturbada com os movimentos sociais, mas deverá manter a maior parte dos programas sociais administrados pelo PT ao longo dos últimos 14 anos. A primeira sinalização nesse sentido vem com a informação de que o economista Ricardo Paes de Barros, professor titular da Cátedra Instituto Ayrton Senna no Insper e coordenador do Núcleo de Pesquisa em Ciências para Educação do Centro de Políticas Públicas — CPP, trabalha em um programa social junto com o presidente da Fundação Ulysses Guimarães, Wellington Moreira Franco.
Ao longo da semana que passou, a Fundação Ulysses Guimarães, presidida por Moreira Franco, apresentou detalhes do programa, que promete dar especial atenção aos 5% mais pobres do país, com uma política de proteção social mais intensa.
“Alguém tem coragem de acabar com os programas sociais? Claro que não”, afirmou o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE). Para o diretor de documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Antônio Augusto de Queiroz, um reajuste nos vencimentos do Bolsa-Família, além de agradar a parcela mais carente da população, não impacta no orçamento geral da União. “Eles vão aproveitar muitas das políticas que estão sendo feitas pelo PT para legitimar o seu governo”, aposta Toninho.
Líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO) confirmou, em parte, a estratégia. “Existe uma parcela enorme da população brasileira que necessita de auxílio para sobreviver. Manteremos essas iniciativas, até para desmistificar o discurso petista de que são programas de um governo A, B, ou C, ou de determinado partido. São ações de Estado que precisam ser mantidas”, disse Caiado.
Ministro do Desenvolvimento Social no governo Lula e do Desenvolvimento Agrário na gestão Dilma, Patrus Ananias acha que a gestão Temer representará um retrocesso nas políticas públicas brasileiras. “Eles podem até ter boa vontade. Mas estará em jogo, no cenário mundial, uma disputa pelos recursos públicos, que serão escassos. E, não há como negar que nosso governo tem uma atenção maior com os menos favorecidos”, completou Patrus.
A relação com os movimentos sociais, no entanto, tende a ser mais tumultuada. Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), União Nacional dos Estudantes (UNE) e Central Única dos Trabalhadores (CUT) já avisaram que, se o impeachment se consumar de fato, farão oposição ostensiva e ininterrupta até 2018.