Cirurgia no Recife para separar siameses é bem sucedida
Davi e Saulo, de 7 meses, eram ligados pelo fígado e pelo diafragma.
Eles estão em recuperação na UTI e respiram com a ajuda de aparelhos.
Foi bem sucedida a cirurgia para separação dos gêmeos siameses Davi e Saulo, de sete meses, que nasceram ligados pelo abdômen, em maio deste ano. A operação aconteceu nesta terça-feira (17), no Instituto Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip), no Recife, e um boletim sobre a situação dos bebês foi divulgada pela assessoria de comunicação da unidade de saúde, no começo da tarde.
De acordo com o documento, a cirurgia durou 4 horas e 22 minutos e contou com a participação de 24 profissionais. Além do compartilhamento do fígado, que já era de conhecimento da equipe médica, foi descoberto durante o procedimento que os irmãos partilhavam o músculo diafragma. No momento, os meninos estão na UTI Pediátrica, respirando com ajuda de aparelhos, mas em boas condições clínicas.
A mãe dos gêmeos, Karine Medeiros, falou ao G1, por telefone, que está feliz com o resultado da cirurgia e aguarda informações sobre as próximas etapas da recuperação. “Durante a cirurgia eu fiquei do lado de fora, esperando, rezando, ansiosa, mas sabia que ia dar tudo certo, porque meus filhos estavam nas mãos de médicos excelentes. Acho que eles ainda não notaram nenhuma diferença, pois estão sonolentos. O que muda para mim é que agora o trabalho vai ser mesmo em dobro, vou ter que ter mais braços para segurá-los”, comentou.
Veja, abaixo, a íntegra da nota divulgada pelo Imip:
“A assessoria de comunicação do Imip informa que, em mais uma etapa do tratamento médico planejado, na manhã desta terça feira (17.12) os gêmeos siameses D.R. e S.R., nascidos no dia 13 de maio do corrente ano, passaram por um procedimento cirúrgico para separação anatômica/funcional de ambos.
O processo cirúrgico, que ocorreu sem nenhuma intercorrência, transcorreu em 4h e 22min, contou com a participação de uma equipe médica composta de 11 especialistas médicos (cirurgiões pediátricos, cirurgiões plásticos e anestesiologistas), além de 3 enfermeiras, 4 instrumentadoras e 6 técnicas de enfermagem.
Durante o procedimento cirúrgico foi constatado que, além da existência do compartilhamento do fígado, havia compartilhamento de segmento anterior do musculo diafragma. Após a separação cada um dos pacientes ficou com metade do figado. Os gêmeos foram submetidos a uma reconstrução do diafragma, além da reconstrução da parede abdominal e torácica antero inferior com aposição de tela.
No momento, os pacientes encontram-se em recuperação pós-operatória na Unidade de Tratamento Intensivo Pediátrica, em boas condições clínicas e em assistência ventilatória assistida”.
Os gêmeos passaram por uma avaliação no começo da manhã, antes de serem encaminhados ao bloco cirúrgico. Saulo e Davi já haviam realizado outro procedimento médico em outubro, para a colocação de expansores, equipamentos que antecedem a cirugia da separação, por permitirem o crescimento da pele. A intenção dos médicos era fazer com que acabe sobrando tecido para fechar os corpos depois da separação.
Os expansores da preparação da cirurgia, que estavam em falta no mercado brasileiro, foram doados por uma pessoa que não quis se identificar.
O caso
Karine Medeiros descobriu durante uma ultassonografia que estava grávida de gêmeos e siameses. Desde julho, esperam pela cirurgia de separação.
Os meninos, os pais e mais dois irmãos, João Vítor, de quatro anos, e Zeus, com um ano, moram em uma casa simples, em uma vila do Alto Santa Terezinha, Zona Norte do Recife. A casa, de apenas dois cômodos, não passa de 20 metros quadrados. “Achamos outra casa para morar, até acertamos com a dona. Eu não consegui correr ainda atrás de trabalho, só vou conseguir quando eles passarem pela cirurgia”, acredita Wilton Souza, pai das crianças.
Na época, vizinhos, conhecidos e pessoas sensibilizadas com a situação da família fizeram doações de fraldas, roupas e comida. Foi deste modo que a família conseguiu ter um pouco de alívio.
Do G1