Polícia faz reprodução simulada de assassinato de Promotor em Itaíba
Ministério Público e noiva do promotor participam da simulação.
Percurso deve ser repetido exaustivamente até esclarecer todas as dúvidas.
Uma reprodução simulada do assassinato do promotor de Justiça Thiago Faria Soares será feita nesta segunda-feira (23) em Itaíba, no Agreste de Pernambuco. A ideia é reproduzir o mais fielmente possível todas as circunstâncias do crime, ocorrido no dia 14 de outubro deste ano, para esclarecer dúvidas da investigação. Participam da ação a Polícia Civil e o Ministério Público de Pernambuco (MPPE).
A vítima tinha 36 anos e seguia para a cidade de Itaíba quando foi morta com disparos de espingarda calibre 12. A advogada Mysheva Martins, noiva do promotor assassinado e principal testemunha do crime, participa da encenação. Ela e um tio estavam no veículo conduzido pelo promotor, mas escaparam sem nenhum ferimento. Mysheva chegou logo cedo para a encenação, mas, por volta das 10h, saiu da delegacia com o pai e a mãe para ir em casa trocar de roupa e voltar, por orientação da polícia – a recomendação é que todos estejam o mais parecidos possível com o dia do crime.
Por volta das 9h, chegou ao local da reprodução simulada Edmacy Cruz Ubirajara, suspeito de matar o promotor. Ele estava acompanhado de dois advogados. A polícia propôs que ele ficasse no carro usado pelos matadores para ver se Mysheva conseguiria identificá-lo desse ângulo de visão. O advogado de defesa Anderson Flexa disse que seria uma contradição ele participar, já que Edmacy alega que não estava nem presente na hora do crime. Edmacy levou ao local o agricultor aposentado Alfredo Ferreira Melo, 65 anos – este homem contou à polícia que estava no carro de Edmacy no dia do crime e garantiu que em nenhum momento o suspeito saiu de perto dele. Eles teriam ido de Águas Belas para uma fazenda no povoado de Santa Rosa, onde Edmacy mora. Edmacy foi liberado antes das 10h.
O percurso deve ser repetido exaustivamente – não há previsão de hora para acabar. A ideia é que o carro saia da casa de Mysheva e refaça o caminho até a PE-300, em Itaíba, onde o crime ocorreu. Há um figurante com roupa semelhante à de Thiago Faria, outro vestido como um dos acusados e um carro igual ao do promotor foi alugado pelo MPPE. Trinta policiais estão envolvidos na operação, entre militares, civis e peritos. Josineide Confessor, delegada do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), comanda a operação, auxiliada pelo delegado seccional do Agreste Salustiano Albuquerque. Pelo MPPE, participa o promotor Epaminondas Tavares.
Suspeito
Edmacy Cruz Ubirajara, suspeito de matar o promotor, foi solto na tarde da última quarta-feira (18). Ele havia sido detido dois dias após o crime e estava no Centro de Triagem (Cotel) de Abreu e Lima, Grande Recife. A liberdade provisória foi concedida pelo Tribunal de Justiça do Estado de Sergipe (TJSE). A decisão, expedida na última segunda (16), é do juiz da 5ª Vara Criminal, Diógenes Barreto.
Na época do assassinato de Thiago Faria, o Ministério Público de Pernambuco(MPPE) pediu a prisão preventiva de Edmacy Ubirajara alegando que ele tinha voltado a praticar outro delito de natureza grave no estado. No entanto, após os advogados do suspeito terem pedido a liberdade provisória, o MPPE fez nova análise e informou ao magistrado “que não mais subsistem os requisitos para segregação cautelar do indigitado posto que não houve até o momento deflagração de ação penal em desfavor do acusado perante a Justiça pernambucana”.
Procurada pelo G1, a Polícia Civil de Pernambuco informou que não vai se pronunciar sobre as investigações nem dar detalhes sobre o andamento do inquérito, que ainda não foi concluído. O MPPE também afirmou que não vai falar sobre o caso.
Entenda o caso
O promotor Thiago Faria foi assassinado com quatro tiros de arma calibre 12 e morreu dentro do carro que dirigia. Ele seguia para a cidade de Itaíba, Agreste pernambucano, pela rodovia PE-300. Thiago era noivo da advogada Mysheva Martins. Ela e o tio estavam no veículo conduzido pelo promotor, mas escaparam sem nenhum ferimento.
Mysheva é a principal testemunha do caso. Em depoimento à polícia na época do crime, ela disse que se escondeu e conseguiu fugir.
A principal linha de investigação aponta para uma discórdia sobre a posse da Fazenda Nova, que fica em Águas Belas, também no Agreste, arrematada em um leilão pela noiva da vítima. José Maria Pedro Rosendo Barbosa, o posseiro das terras, teve de deixar o local depois de uma ação judicial. Por causa de uma dívida trabalhista na Justiça Federal, Mysheva Martins conseguiu comprar a sede da fazenda. Nesse processo, ela teria recebido ajuda do noivo, o promotor Thiago Faria. Na desapropriação, ele esteve na fazenda com um oficial de Justiça. Irritado com o caso, José Maria Pedro Rosendo Barbosa, segundo a polícia, teria encomendado a execução do promotor. Até o momento, José Maria encontra-se foragido.
Do G1