Snowden diz que a ‘missão está cumprida’ após revelar espionagem

Denúncias de Snowden desencadearam conflitos diplomáticos com EUA.
Entrevista foi publicada no jornal Washington Post.

O ex-técnico da Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos (NSA, na sigla em inglês), Edward Snowden, afirmou nesta terça-feira (24) que considera “missão cumprida” o debate gerado após o vazamento de milhares de documentos secretos da inteligência americana.

“Para mim, em termos de satisfação pessoal, a missão já foi cumprida. Já venci”, disse Snowden, em entrevista exclusiva realizada em Moscou e publicada no jornal “Washington Post”.

“Assim que os jornalistas puderam começar a trabalhar, tudo o que havia tentado fazer foi validado. Porque, lembrem, eu não queria mudar a sociedade. Queria dar à sociedade a oportunidade de determinar se deveria mudar a si mesma”, acrescentou Snowden, de 30 anos.

As revelações de espionagem em massa, vazadas pelo ex-técnico da NSA ao “Washington Post” e ao britânico “The Guardian”, provocaram um escândalo diplomático ao mostrar que os serviços de inteligência americanos tinham vigiado milhões de comunicações, incluídas as de líderes políticos como a chanceler alemã Angela Merkel e a presidente Dilma Rousseff.

Em sua entrevista, a primeira em pessoa desde que chegou asilado à Rússia em junho, Snowden insistiu que seu objetivo “era que a opinião pública pudesse dar sua opinião sobre como ser governados”.

Além disso, rejeitou as acusações vertidas dos Estados Unidos, onde alguns legisladores lhe qualificaram de “traidor” e lhe acusaram de entregar documentos secretos a países como a Rússia e China.

“Não há nenhuma evidência da acusação que tenho lealdade à Rússia ou à China ou a qualquer outro país em vez dos Estados Unidos. Não tenho relação com o governo russo. Não alcancei nenhum acordo com eles”, acrescentou.

Por outro lado, explicou como apresentou dúvidas a seus superiores em pelo menos duas ocasiões perante a magnitude dos programas de espionagem e a falta de controle, e como elas foram desacreditadas.

“Acho que o custo de um debate público franco sobre os poderes de nosso governo é menor que o suposto perigo por permitir que estes poderes continuem crescendo em segredo”, declarou.

Da Agência EFE

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