Rússia faz Lujniki explodir e bate Espanha nos pênaltis

“Vocês nasceram para fazer um conto de fadas se tornar real”, foi a frase escrita num bandeirão aberto pela torcida russa antes de a bola rolar, atrás de um dos gols do Lujniki, com a imagem de um atleta erguendo a taça. Pois Akinfeev, justamente o capitão, faz o sonho continuar. O goleiro defendeu os pênaltis de Koke e Aspas após empate em 1 a 1 entre Espanha e Rússia nos 120 minutos, fez o estádio explodir e colocou o time da casa nas quartas. Os russos converteram todas suas penalidades e venceram por 4 a 3. Foi uma batalha, em dia de calor que terminou com chuva em Moscou, e atletas atirados no chão com cãibras. A Rússia venceu os espanhóis empurrada por quase 80 mil vozes que jogaram junto e se emocionaram do início ao fim.

Eufóricos, os torcedores jamais irão esquecer da tarde que viveram no Lujniki. Agora, esperam o vencedor de Croácia e Dinamarca para seguirem o “conto”.

Hierro colocou Iniesta no banco pela primeira vez na Copa e fez mudanças que o principal jornal espanhol, Marca, tratou como “revolução”. Carvajal e Thiago também saíram do time, que teve as entradas de Koke, Nacho e Asensio. Cherchesov também mudou a Rússia, deixando a sensação e artilheiro do time, Cheryshev, entre os reservas. O time da casa inovou com três zagueiros.

A ideia de Cherchesov, com a linha de cinco que se formava com os três zagueiros e os dois laterais, era fechar-se para contra-atacar. Desde o início a Espanha impôs seu estilo de toque de bola, chegando a ter 75% de posse no primeiro tempo. Mas logo no início ficou claro que não seria fácil furar o bloqueio russo. Foi numa falta lateral cobrada por Asensio que Sergio Ramos disputou na área com o zagueiro Ignashevich: gol contra. Um gol que obrigaria a Rússia a avançar suas linhas e deixava a Espanha confortável. “Viva Espanha”, música tradicional do país, tocou no som do estádio russo após Ramos festejar o gol ao estilo do companheiro de Real, Cristiano Ronaldo: “Eu estou aqui”.

Em certos momentos do primeiro tempo, o jogo ficou parecido com roda de bobinho. A Espanha tocava e a Rússia corria atrás da bola. A questão é que o time espanhol não conseguia finalizar – só o fez com perigo pouco antes do intervalo. Os anfitriões, incrivelmente, eram mais perigosos. Golovin quase fez o estádio explodir num chute que triscou a trave de De Gea.

Piqué subiu com o braço aberto e desviou cabeçada de Dzyuba. O árbitro hesitou, mas marcou a penalidade. O mesmo grandalhão de 1,96m converteu com categoria para a explosão do Lujniki aos gritos de “Rússia, Rússia!”. O barulho foi intenso no estádio a cada possibilidade de jogada perigosa, a cada desarme. Cherchesov mais de uma vez levantou-se do banco para pedir apoio, gesto repetido por Mario Fernandes.

O meio espanhol, de Busquets, Koke e David Silva girava a bola para trabalhar com Isco, Asensio e Diego Costa, bem marcado e apagado. Chute a gol que é bom… O jogo do primeiro tempo se repetiu. O russo criado na Espanha, Cheryshev (três gols na Copa), entrou para levantar a torcida. Iniesta substituiu David Silva aos 20 da segunda etapa. E dá-lhe 75% de posse à Espanha, que só fez Akinfeev trabalhar a cinco minutos do fim do tempo regulamentar. O calor de Moscou fez os times desabarem no gramado antes da prorrogação, na qual só teve jogo em um campo: o de ataque do time espanhol, que finalmente colocou o goleiro russo para trabalhar de verdade. A Rússia cansou e nem a quarta substituição, amenizou o desgaste. Mas segurou-se até os pênaltis.

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