Ex-integrante da Lava Jato critica extinção de delegacia em Pernambuco
Do Ronda JC
O procurador da República e ex-integrante da Força-Tarefa da Operação Lava Jato, Carlos Fernando dos Santos Lima, usou as redes sociais para fazer críticas à extinção da Delegacia de Crimes contra a Administração e Serviços Públicos (Decasp) em Pernambuco. “Só mostra o quanto ainda a política tenta se proteger de investigações criminais”, disse um trecho da postagem.
A mensagem do procurador foi publicada um dia após o presidente do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), Adalberto de Oliveira Melo, suspender a liminar que autorizava a Decasp a funcionar por mais 45 dias para concluir investigações pendentes.
“A extinção da Decasp (Delegacia de Crimes contra a Administração e Serviços Públicos), da Polícia Civil de Pernambuco, pela Assembleia Legislativa no início deste mês, a partir de projeto de lei que tramitou em regime de urgência, enviado pelo governador Paulo Câmara, só mostra o quanto ainda a política tenta se proteger de investigações criminais. Quem pensa que a Lava Jato mudou o país tem que perceber que ainda há muito a ser feito”, disse a mensagem do procurador.
No último dia 05 de novembro, o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da Força-Tarefa da Lava Jato, também fez críticas à extinção da delegacia de combate à corrupção. “Decisões como essa causam estranheza e têm cheio de retrocesso. (sic)”.
Deputados estavam sendo investigados
Levantamento publicado com exclusividade pelo Ronda JC, na última segunda-feira, revelou que sete deputados estaduais são suspeitos de praticar crime de desvios de verba pública por meio de emendas parlamentares. Sob protestos, seis deles votaram a favor do fim da Decasp. O outro também foi favorável na primeira sessão, mas mudou o voto na segunda. Após a aprovação da lei que extinguiu a delegacia, os inquéritos foram paralisados, mas agora poderão ser retomados graças à decisão judicial.
As investigações foram solicitadas pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE), que recebeu a denúncia de supostas irregularidades nas emendas autorizadas pelos deputados. No total, quatro parlamentares são do Partido Progressista (PP), dois do Partido da República (PR) e um do Partido Social Democrata Cristão (PSDC – atual DC). Dos sete investigados, quatro deputados foram reeleitos na última eleição. Os nomes dos deputados estaduais não serão divulgados porque as investigações ainda estão sob sigilo.