“A voz do povo no rádio interiorano”
Diário de Pernambuco destaca papel do programa Manhã Total, da Rádio Pajeú, na construção de soluções para a sociedade do Pajeú
Pra terminar de completar um início de semana marcado por uma cobertura histórica das eleições 2020, somos brindados com a bela reportagem do Diário de Pernambuco destacando a força do rádio.
Como pano de fundo, o programa Manhã Total, que está prestes a completar 20 anos, foi destacado pelo texto do competente Sebastião Araújo, que mergulhou nos seus bastidores.
Uma homenagem não a seu âncora, Nill Júnior, mas a todos que fazem a Manhã Total, destacando Joselita Amador, Tito Barbosa, Celso Brandão, Michelli Martins, Marconi Pereira, André Luiz e Aldo Vidal que dividem essa missão conosco.
A Voz do Povo Interiorano
Programa de variedades e informação Manhã Total, da Rádio Pajeú de Afogados da Ingazeira, aborda assuntos tipicamente regionais e atende à demanda da população
Às oito horas, a vinheta anuncia que vai começar mais um programa Manhã Total. No estúdio da Rádio Pajeú, o apresentador Nill Júnior aguarda a luz vermelha acender para entrar no ar. Num raio que atinge dez municípios, a partir de Afogados da Ingazeira, no Sertão do Médio Pajeú, onde a emissora está instalada, o público está de ouvidos coladinhos na frequência da 99.3 FM. Se alguém quiser perceber a força do rádio no interior do estado, basta sintonizar a emissora, cuja programação começa às 2h e se estende até 22h.
O programa é uma espécie de termômetro da Rádio Pajeú. Assim que Nill Júnior entra no ar, passa a ser o ouvidor da cidade, e o programa se transforma na voz do povo. Para se ter uma ideia de quanto a pauta do Manhã Total mantém características bem regionais, recentemente um dos assuntos que gerou ampla repercussão teve como personagem principal uma égua. Acredite. A história é a seguinte: o agricultor Pedro Porfírio, do Sítio Caiçara, na área rural de Afogados da Ingazeira, a 392 quilômetros do Recife, pediu ajuda ao vivo, no ar, para que os ouvintes o ajudassem a localizar uma égua de estimação. Seu Pedro oferecia R$ 1 mil como recompensa para quem localizasse o animal.
A audiência do programa bombou. Emocionado, o agricultor disse que, de mil animais, tirava um igual à égua dele. “O amor é tão grande que sei a data de nascimento dela e às vezes esqueço a data de nascimento de minhas filhas”, confessou o camponês. O apelo deu certo. O impacto que o caso provocou foi tão intenso que, quem pegou o animal, certamente com medo de ter a identidade revelada, deixou a égua de volta na propriedade de Pedro Porfírio.
Ênfase local: “O rádio é prestação de serviço. Respondemos ao ouvinte na hora”, frisa Nill Júnior, em meio às demandas dos ouvintes nas primeiras horas do programa, que vai até 11h30, de segunda à sexta. Nill chega até a traçar um roteiro para entrar em cena, mas acaba se rendendo aos pedidos e temas levantados por quem está ligado no dia. Os assuntos vão de denúncias sobre falta de água a pedidos de esclarecimentos sobre o pagamento do Bolsa Família. Um tema nacional é repercutido com uma ênfase local.
Nill Júnior passeia entre o emocional e o racional, dentro de uma experiência de 19 anos na radiodifusão. O lado emotivo surge na medida que vai sendo conduzido pelos ouvintes. Critica, quando tem que criticar, e elogia quando o assunto ou o personagem merece ser elogiado. Recentemente, uma senhorinha precisava de assistência médica, e Nill lançou sua voz em defesa dos direitos dela. Sua fala teve eco e o problema da ouvinte foi resolvido. “A denúncia não fica sem resposta. Não tem sentido fazer barulho e não resolver as demandas, não construir uma solução geral para o problema do ouvinte”, defende o radialista.
O locutor também levanta algumas bandeiras, como as questões relacionadas à preservação do meio ambiente, especificamente as ligadas à caatinga. Outro tema que abraça diz respeito aos direitos humanos, defendendo o acesso das pessoas aos principais serviços básicos. Outra questão é contra a falta de respeito das lideranças políticas com relação às normas de biossegurança contra a Covid-19.
Os anunciantes do Manhã Total são também tipicamente regionais. Outra curiosidade do programa: diariamente é sorteada uma cesta básica. Numa parceria da emissora com o Rotary Club de Afogados da Ingazeira, as cestas são distribuídas a pessoas em vulnerabilidade social. “Tudo que surgiu na minha vida é derivação do rádio. O rádio me deu o mundo”, reconhece o brasiliense de 46 anos, que também é presidente da Associação das Empresas de Rádio e Televisão de Pernambuco (Asserpe).
Emissora é um termômetro social: Manhã Total, da Rádio Pajeú FM, começa com o Rádio Serviço, que dá voz à comunidade através do quadro Canal Aberto. A população coloca as reivindicações e cobranças, que posteriormente são encaminhadas pela produção do programa aos órgãos competentes, geralmente alvo das críticas do ouvinte. Nesta primeira hora, há ainda um giro com as primeiras notícias da manhã e com a participação do repórter Celso Brandão ao vivo.
Por ser uma emissora gerida por entidade religiosa, a Fundação Cultural Senhor Bom Jesus dos Remédios, há espaço para as reflexões de dois padres: Reginaldo Manzotti e João Carlos Ribeiro.
Em seguida, há uma entrevista diária sobre temas pontuais e específicos da semana ou daquele dia. Na sequência, acontece um debate, que leva mais ou menos uma hora, e, depois, o Show dos Esportes, que prioriza o futebol local, com o repórter Marcony Pereira e participação de blogueiros da região. Nas sextas-feiras, o Manhã Total fecha a semana com música. A rádio é um aferidor social, atingindo todas as classes.
O ortopedista André Peixoto, que participou de recente debate, conta que não deixa de ouvir a emissora quando se desloca de uma cidade para outra, atendendo a necessidades profissionais. “É um meio que uso para estar bem informado sobre todo tipo de problema. A Pajeú é uma referência”, aponta o médico. A advogada Márcia Moura também compartilha do mesmo raciocínio. “A emissora passa uma informação precisa, que tem credibilidade. É por isso que gosto e ouço todo dia”, revela.