Plano prevê 590 km de rede cicloviária no Grande Recife em 10 anos

Projeto também inclui instalação de 60 bicicletários, com 19 mil vagas.

Investimento para tirar ideia do papel está orçado em R$ 354 milhões.

Construir 590 quilômetros de ciclofaixas, ciclovias e ciclorrotas no Grande Recife, nos próximos dez anos, e interligar a rede aos terminais de ônibus, às estações de metrô e às plataformas de transporte fluvial são as propostas do Plano Diretor Cicloviário, formulado pelo governo do estado em parceria com prefeituras da Região Metropolitana. O documento, apresentado nesta quarta-feira (5), no Centro de Convenções, Olinda, também prevê a instalação de 60 bicicletários em espaços onde há circulação do transporte público, totalizando 19 mil vagas. O investimento para tirar o projeto do papel está orçado em R$ 354 milhões, sendo R$ 187 milhões (53% do valor) do cofre estadual e R$ 166 milhões (47%) das gestões municipais.

Pelo plano, a rede cicloviária é dividida em duas frentes. A Rede Metropolitana, de responsabilidade do Estado, terá 244 quilômetros de ciclovias distribuídas pelos municípios da RMR. Já a Rede Complementar, que será viabilizada pelas prefeituras, terá 346 quilômetros de ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas. “Cento e sessenta e seis vias serão objetos de intervenção com esse projeto. Atualmente, a Região Metropolitana só tem 67,4 quilômetros de rede cicloviária”, afirmou o secretário das Cidades, Danilo Cabral.

Para elaborar o plano, o governo gastou R$ 637 mil em uma pesquisa de mobilidade realizada em 74 pontos do Grande Recife. Ao todo, foram aplicados 2.804 formulários. De acordo com o levantamento, 58% dos ciclistas responderam que utilizam a bicicleta como principal meio de transporte para ir ao trabalho. A maioria dos entrevistados – 77% – é formada por trabalhadores. Os estudantes – 13% – aparecem em segundo lugar entre os que usam bicicleta. O estudo ainda revelou que as viagens com esse meio de transporte ocorrem com maior frequência entre 7h e 8h e 17h e 18h.

“O que nos chamou a atenção é que 76% dos ciclistas disseram que não fazem integração com outro sistema de transporte. Por isso, a necessidade de implantação dos bicicletários”, afirmou Danilo Cabral. O plano foi elaborado por autoridades, especialistas da área e grupos de pedal da RMR ao longo de oito meses. A formatação foi realizada pelo Consórcio Tectran (empresa com sede em Belo Horizonte) e Idom (empresa com sede em São Paulo).

Durante a cerimônia, o prefeito do Recife, Geraldo Julio, comentou que o uso da bicicleta na RMR é um desejo de milhares de pessoas. “Estamos enfrentando um modelo que o país adotou e vem incentivando, que é o carro como único meio de transporte. Ainda este mês, vamos fechar vias para carros e transformá-las em vias de pedestres. Ao todo, 12 rotas no Recife serão integradas a esse novo plano”, garantiu.

Requalificação da PE-15
O governador Eduardo Campos disse que “é hora de repensar” o plano de mobilidade e também criticou o incentivo ao uso do carro. “A cidade hoje é totalmente diferente. Hoje a carga tributária da bicicleta é de 40% e a do carro, de 32%. Temos um IPI [Imposto sobre Produtos Industrializados] para o carro 1.0 de 3,5%. Já teve tempo em que o IPI foi zero. Já o IPI para as bicicletas é de 10%. Esse padrão que tá aí já deu o que tinha que dar”, afirmou, em mais uma alfinetada contra o governo federal.

Campos ainda lançou o edital de licitação para a requalificação da PE-15, rodovia que liga os municípios de Olinda e Abreu e Lima. A ciclovia bidirecional da rodovia, com 11,5 quilômetros, também será revitalizada, conforme o projeto. Ao custo de R$ 14 milhões, a obra prevê novas calçadas e acesso para cadeirantes.

“A requalificação da PE-15 já está em curso, estamos fazendo os corredores centrais de ônibus [de BRT – Bus Rapid Transit], estações de passageiros, e agora autorizamos a qualificação da ciclovia para integrar bicicleta e ônibus como modais importantes para a vida do povo da Região Metropolitana. As estações serão climatizadas, seguras, filmadas”, acrescentou o governador.

O cronograma prevê o fim do processo licitatório da obra para março, a assinatura da ordem de serviço para abril e a conclusão dos trabalhos na rodovia em outubro. “Os barcos que estão sendo projetados para o Rio Capibaribe [rede de transporte fluvial] vão ter espaço para o passageiro levar as bicicletas, assim como os ônibus que vão circular nos corredores”, finalizou o governador.

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