No AM, prefeito de Coari divide cela e defesa tenta novo habeas corpus
Advogado de defesa avaliou o pedido de prisão do prefeito como ‘absurdo’.
Adail é acusado pelo MP de exploração sexual de crianças e adolescentes.
Preso no último sábado (8), o prefeito de Coari, Adail Pinheiro (PRP), segue detido em cela coletiva do Batalhão da Cavalaria da Polícia Militar, no bairro Dom Pedro, Zona Centro-Oeste de Manaus. Agora, a defesa do político – que avalia a prisão como “absurda” – se prepara para entrar com novo pedido de habeas corpus nesta segunda-feira (10) para pedir a soltura do prefeito.
Em entrevista ao G1, o advogado de Pinheiro, Alberto Simonetti Neto, explicou que depende do processo na íntegra para ingressar com o habeas corpus no Supremo Tribunal de Justiça (STJ). “Só vou ter acesso à completude das provas na manhã de segunda. Só me foi dado acesso a ele por despacho ontem (8), então dependo do documento para o avanço da defesa”, disse.
O habeas corpus solicitará que Adail responda ao processo em liberdade. Simonetti avaliou a prisão do prefeito de Coari como “incabível”. “O documento vai atacar a decisão. É um pedido de prisão absurdo. Dessa forma, não há fundamento que autorize o decreto de prisão contra o prefeito”, alegou.
Este será o segundo pedido de habeas corpus da defesa de Adail, segundo Simonetti. O primeiro, expedido na tarde deste sábado (8), referia-se ao direito do prefeito de ser preso em quartel. Atualmente, ele divide uma cela coletiva com outros presidiários no Batalhão da Cavalaria da Polícia Militar, no bairro Dom Pedro, Zona Centro-Oeste de Manaus. A Polícia Militar (PM) informou que o prefeito está em cela com outros dois presos. O nome dos dois não foi divulgado.
O primeiro habeas corpus, porém, foi “desistido”, segundo o advogado. “Este documento foi dado em razão de um pedido que não tinha sido apreciado pelo desembargador, mas foi desistido”.
Simonetti disse ainda que o último contato com o prefeito de Coari aconteceu no momento da apresentação de Adail à Delegacia Geral.
Denúncias contra prefeito
Adail Pinheiro é acusado de chefiar uma rede de exploração sexual de crianças e adolescentes em Coari. O prefeito foi denunciado pelo Ministério Público do Estado do Amazonas (MPE-AM) na última sexta-feira (7), com pedido de prisão dele e de mais cinco suspeitos de envolvimento – presos na manhã do sábado (8).
Segundo a polícia, os suspeitos foram detidos em casa e não resistirão à prisão. Entre os detidos estão o secretário de Terras e Habitação, Francisco Orimar Torres de Oliveira, o chefe de gabinete da prefeitura de Coari, Eduardo Jorge de Oliveira Alves, Anselmo do Nascimento Santos (que seria motorista do prefeito), o assessor particular Elias do Nascimento Santos e a funcionária da Secretaria de Cultura do município, Alzenir Maia Cordeiro.
O advogado dos cinco presos, Fabrício Parente, informou ao G1 que pedirá cela especial para os três secretários detidos. Os suspeitos não falaram com a imprensa ao chegar à delegacia, em Manaus. O nome dos cinco foi revelado somente neste sábado (8), após as prisões.
Na Justiça do Amazonas, o prefeito possui três inquéritos policiais – relacionados a crimes de exploração sexual de crianças e adolescentes e favorecimento à prostituição – em andamento, uma denúncia já recebida pela corte, e o novo pedido, que poderá se transformar em outra ação penal contra o acusado. Ao todo, 56 processos contra Adail estão ativos, sendo 34 ações na Comarca de Coari e 22 processos em Manaus.
Justiça Federal
A ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência República, Maria do Rosário, disse que deve solicitar ao Ministério Público Federal que os processos que envolvem acusações de envolvimento do prefeito de Coari, em casos de pedofilia sejam transferidos da Justiça do Amazonas para a Justiça Federal. A informação foi divulgada durante reunião com membros da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, integrantes do judiciário e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em Brasília, na última terça-feira (4).