Testemunhas de defesa serão ouvidas no 2º dia de júri do Carandiru
Interrogatórios dos 15 réus também devem começar nesta terça-feira (18).
PMs e ex-PMs começaram a ser julgados pela morte de oito detentos.
O julgamento de policiais militares e ex PMs envolvidos no massacre do Carandiru deverá ser retomado às 10h30 desta terça-feira (18), com o depoimento de duas testemunhas da defesa. O júri de 15 réus que participaram do massacre teve início nesta segunda-feira (17), no Fórum Criminal da Barra Funda, na Zona Oeste de São Paulo, com o depoimento de duas testemunhas de acusação.
Entre os réus, três são coronéis, sendo que dois deles ainda estão na ativa. Eles estão respondendo pela morte de oito detentos, além de duas tentativas de homicídio. O massacre do Carandiru resultou na morte de 111 detentos do presídio da Zona Norte de São Paulo, em 2 de outubro de 1992.
O júri que teve início nesta segunda-feira corresponde ao terceiro bloco de réus, que seriam os policiais que, naquela ocasião, atuaram no 3º andar do Pavilhão 9 do presídio, o que equivale ao 4º pavimento.
Por conta do número de réus, a Justiça desmembrou o caso em quatro partes ou júris diferentes, correspondentes aos andares invadidos. O critério é julgar o grupo de policiais militares que esteve em cada um dos pavimentos onde presos foram mortos.
O júri é presidido pelo juiz Rodrigo Tellini de Aguirre Camargo, com os promotores Márcio Friggi e Eduardo Olavo sendo responsáveis pela apresentação das acusações contra os réus. A defesa está sendo feita pelo advogado Celso Machado Vendramini.
Neste primeiro dia, além da escolha dos jurados, todos homens, foram ouvidos, ambos arrolados pela acusação,o perito Osvaldo Negrini Neto e o diretor de disciplina do presídio Moacir dos Santos. O ex-detento Marco Antonio de Moura, que seria a terceira testemunha de acusação a ser ouvida, não pode comparecer e acabou dispensada pela Promotoria.
Outras três testemunhas de acusação não foram localizadas para comparecer ao júri.
O advogado de defesa dos réus, Celso Vendramini, afirmou, ao término do primeiro dia, que o “Ministério Público está exacerbando na acusação”, pois, segundo ele, não há provas contra os seus clientes. Inclusive, demonstrou confiança na possibilidade de que as acusações contra eles sejam retiradas.
“Eu acredito que seja retirado tudo. Porque é um absurdo acusar sem prova. A acusação que pesa contra esses PMs é que eles teriam atuado no 3º andar, que é 4º pavimento. Não existem sequer lá marcas de tiros na parede. Não se pode julgar as pessoas sem um laudo de confronto balístico por inércia do Estado. O setor de criminalística não tinha material para fazer os exames na época. Não foi feito a balística dos projéteis retirados dos corpos da vítima com as armas dos PMs. Como vai acusar alguém assim? Como vai saber quem matou quem?”, indagou.
Para os promotores, tudo transcorreu como o previsto, já que o júri que se iniciou nesta segunda é apenas uma sequência dos outros dois já realizados. Desta forma, creem na condenação dos réus, a exemplos dos demais júris. “Não vejo nenhuma grande novidade que possa apresentar alguma alteração do quadro. Era o esperávamos em relação ao primeiro dia”, afirmou Márcio Friggi.