Afogadense: Jovens jogadores dizem que foram vítima de extorsão e estão sem ter como voltar a seus estados
Jovens de vários estados que vieram a Afogados da Ingazeira com a promessa de jogar futebol profissional pelo Afogadense Futebol Clube acusam a empresa escolhida para parceria na competição, a Sportproffi, de responsabilidade de Solito Alves, ex-goleiro do Corinthians e o próprio clube, presidido pelo afogadense Natan Pereira de extorsão, débitos trabalhistas e condições de trabalho análogas à escravidão.
Foi na Resenha Esportes no Ar de ontem, na Rádio Pajeú. Segundo os jovens Firmino e Derick, atletas foram trazidos de estados como Minas, Mato Grosso do Sul e São Paulo desde o final de maio com a promessa de disputar a competição profissional.
“Estou aqui desde 17 de maio através do Solito com promessa de salário de R$ 800,00 por mês, mas não recebi um centavo. Pelo contrário, gastei para estar aqui. Ainda gastamos com alimentação, pois a comida que nos davam era macarrão com salsicha, arroz e feijão muito ruim”, reclamou.
Segundo o relato dos atletas, todos foram obrigados a pagar ao empresário Solito valores que variavam entre R$ 800,00 e R$ 2 mil para conseguir ingressar no clube. No final, o Afogadense não foi aceito pela Federação Pernambucana de Futebol para disputar a competição sob alegação de irregularidade da documentação.
O Afogadense questionou afirmando que reunia condições para o campeonato, em vão. Passado todo esse período ficaram segundo os cerca de 14 jogadores que estiveram na cidade na lembrança as péssimas condições de alojamento, alimentação, além da falta de salários e acusação de extorsão.
Por fim, também acusam o presidente do clube, Natan Pereira, de tê-los enviado a Arcoverde para disputar a competição pelo Flamengo FC, depois do fim da possibilidade do Afogadense participar, sem nenhum acordo firmado de fato e de direito.
“O Natan mandou catorze jogadores pro Flamengo dizendo que iriam jogar. Chegou lá, o responsável pelo clube afirmou que só queria sete jogadores e com o dinheiro da transferência em mãos. Mas todos já haviam pago a transferência e valores ao Solito, que não mandou o dinheiro”.
Sem lugar para dormir e colchões suficientes, os atletas não ficaram na rua porque foram ajudados pelo Flamengo para dormir e comer. “Alguns não tinham dinheiro nem da passagem para voltar a Afogados”. Ele diz que a ação teria sido premeditada, pois a casa onde funcionava a concentração em condições precárias foi fechada e o aluguel encerado pelo Presidente do clube.
Como a cozinheira muitas vezes não aparecia sem receber, cabia aos atletas cozinhar por conta própria. Havia dificuldades de higiene no local. E há pessoas querendo voltar para os estados de origem sem o dinheiro. “Nossos pais não sabem o que está acontecendo”.
Na tarde de ontem, os atletas foram a Delegacia de Afogados da Ingazeira prestar queixa.
Versão de Natan:
O Presidente do Afogados FC disse que a responsabilidade de salário era da empresa representada por Solito. Afirmou também não ter conhecimento de como havia se dado o acerto com os atletas. Sobre a ida a Arcoverde, afirmou que o acerto era de que seriam transferidos para o Flamengo quem estivesse com o dinheiro lá.
Reafirmou que Solito ficou de ir a cidade para verificar as condições dos atletas. Como Presidente do clube, diante da repercussão negativa na opinião pública e cobrança de atletas e dos integrantes da equipe esportiva, prometeu acompanhá-los para evitar mais transtornos. Até este horário (18h00), o encontro não havia acontecido. Atletas dizem também ter dificuldade de falar com o empresário Solito.