Após três horas de negociação, reitoria da UFPE é desocupada

Manifestantens deixaram o local por volta das 3h desta quinta-feira (5).

Perícia será feita no prédio para avaliar possíveis danos.

pós cerca de três horas de negociações, os manifestantes que ocupavam a reitoria da Universidade Federal de Pernambuco deixaram o local de forma pacífica, sem confrontos com a polícia, na madrugada desta quinta-feira (5). Eles estavam no local desde a manhã da segunda (2), em protesto contra uma decisão do Conselho Universitário que determinou a adesão do Hospital das Clínicas à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).

Às 3h15, já com o prédio vazio, os acessos foram fechados pela polícia, que começou a fazer um trabalho de perícia para avaliar possíveis danos no local. “Foi acordado com eles a saída pela porta da frente, como aconteceu. Os professores estavam aqui e a saída foi aberta, sem nenhuma retenção”, disse o Major Ivanildo Torres, do Gabinete de Gerenciamento de Crises da Secretaria de Defesa Social. Após a desocupação, pedaços de telhas podiam ser vistos no chão da parte interna do prédio.

Um mandado de reintegração de posse já havia sido expedido pela Justiça Federal e, pela decisão, a desocupação deveria ter acontecido até as 19h da quarta-feira (4). Policiais federais e militares só chegaram ao local, no entanto, nos primeiros minutos da quinta-feira, por volta de 0h15. Dois oficiais de justiça acompanharam a ação.

De início, os agentes buscaram o diálogo com os representantes da ocupação. “Queremos evitar o uso da força, mas, dependendo do andamento da conversa, vamos usá-la, sim”, afirmou o Major Ivanildo Torres.

Após uma rápida negociação com a polícia, os estudantes decidiram realizar uma assembleia para resolver os rumos da ocupação e se sairiam sem que fosse preciso o uso da força. O acordo seria que a decisão final fosse anunciada até as 2h. Após uma hora, muitos manifestantes, alguns mascarados, passaram a se posicionar no teto da reitoria.
Aos poucos, vários foram descendo por meio de uma escada improvisada e se aglomeraram no pátio. Por volta das 2h30, professores da UFPE que conversavam com os estudantes no interior da reitoria saíram para pedir que os policiais proporcionassem medidas de segurança para que todos deixassem o prédio e pudessem seguir para casa.

“Os estudantes querem sair, estão só determinando a forma mais segura. Querem uma garantia da polícia sobre a integridade física deles e também para ter segurança quando forem pegar os ônibus”, explicou o professor Evson Malaquias, do Centro de Educação.

Durante a tarde da quarta (4), os manifestantes se reuniram com o reitor Anísio Brasileiro, que garantiu que a decisão sobre a gestão do HC será mantida. Anísio deixou o local no início da noite cercado por seguranças e uma explosão chegou a ser ouvida quando ele saía em direção ao campus da universidade.

Entenda o caso
Na manhã da segunda-feira (2), em uma votação polêmica e apressada, o Conselho Universitário aprovou por maioria que o HC vai aderir à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), do Ministério da Educação (MEC). Os manifestantes são contra a adesão e alegam que a medida tira completamente a autonomia da UFPE em relação ao HC.

Eles pedem a anulação do resultado do Conselho Universitário; construção de uma alternativa para o Hospital das Clínicas, em diálogo com os estudantes, servidores, professores e sociedade civil; realização de debate com a comunidade acadêmica sobre a reestruturação do HC; e que a decisão sobre a Ebserh seja realizada através de plebiscito, organizado pelos três setores da comunidade (servidores, professores e estudantes) e a reitoria.

A UFPE informou, na terça (3), que a decisão majoritária do Conselho Universitário de aprovar por 44 votos (83% do total) a assinatura do contrato que delibera mudanças na gestão do HC foi tomada na sequência de uma longa negociação, com a ampla e aberta participação de todos os segmentos da comunidade universitária.

“Os aspectos relativos ao Hospital das Clínicas e ao novo modelo de gestão foram exaustivamente considerados”, afirma a nota. A instituição ainda disse não haver qualquer razão para reconsiderar o que foi deliberado. Também em nota, o Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe) e o Conselho Regional de Medicina do estado (Cremepe) se manifestaram contra a adesão do Hospital das Clínicas à Ebserh. As duas entidades também demonstraram apoio à ocupação da reitoria da UFPE.

Do G1

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