As demandas da gestão pública no Alto Pajeú

A gestão de um município não é tarefa das mais fáceis, principalmente quando se tem pouca verba para administrar. Na última quarta-feira (07) a Câmara dos Deputados aprovou projeto de lei que estabelece piso salarial de R$ 1.014 aos agentes comunitários de saúde. Alguns prefeitos logo se manifestaram não que sejam contra, mas como dizem estão preocupados para saber de onde vai sair a verba para isto. A luta dos prefeitos para buscar mais investimentos para áreas essenciais como saúde e educação é constante, assim como o debate sobre a melhor distribuição dos serviços de saúde e os repasses do FEM. Para falar sobre estas e outras demandas, hoje nos estúdios da Pajeú, os prefeitos Francisco Dessoles de Iguaracy e Zé Pretinho de Quixaba, por telefone o prefeito de Itapetim Arquimedes Machado também participou.

Saúde

Francisco DessolesNós temos que lutar para que a gente tenha uma estrutura de saúde melhor em uma região que congrega mais de 100 mil habitantes e a gente não pode conviver com certas falhas e dizer que está tudo bem, eu sempre ressalto aqui o esforço de muitos profissionais da saúde, mas não é só o esforço de abnegados que resolve o problema estrutural como nós temos na saúde do Brasil e especificamente aqui no Alto Pajeú. O que nós temos hoje em dia está trabalhando no limite, se acontecer qualquer surto, qualquer emergência aqui, nós vamos passar por um vexame terrível e é isso que nós não queremos para a nossa população.

Zé PretinhoQuixaba passa por uma dificuldade enorme nessa questão de não ter hospital, nós temos Centro Médico, temos médicos quase todos os dias, mas não temos plantonistas e a maioria das vezes quando se faz necessário a gente envia para o HREC. Enfrentamos muitas dificuldades nessa questão de transferências e isso gera um custo muito alto para o município.

UPA-E

Zé pretinhoTem alguns atendimentos, mas pelo que vejo não tem todos os profissionais, mas já foram atendidas algumas pessoas de Quixaba. O que esperamos é que esses atendimentos sejam ampliados para ajudar principalmente nessa questão dos exames que a gente fica muito dependente de Recife. Seria muito interessante que se tivesse todos os profissionais, pois é equipada então só falta mesmo mais profissionais para que se possa ampliar o atendimento e a gente enviar mais pacientes.

DessolesEu expressei a minha preocupação na presença do secretário estadual de saúde, sobre a demanda que a UPA-E vai gerar. Esse custo, uma parte vai ser rateada com os municípios, no caso de Iguaracy nós vamos ter um custo aproximado de 14 mil reais por mês. Se a gente tem hoje uma demanda de exames e consultas médicas em torno de 15 mil reais além daquelas que os nossos médicos atendem. Se a UPA-E funcionar e a gente tiver condições de cortar o gasto de lá, será um coisa positiva, mas se continuar gastando a mesma coisa lá, porque não vai ter pediatria, não vai ter psiquiatria, não vai ter neurologia, se não tiver esses profissionais de ponta, que custam mais caros, então na verdade os municípios vão ficar com a conta salgada na saúde e sem o serviço. Por enquanto nós temos consultas e está gerando uma demanda maior de consulta e voltando para os prefeitos custearem os remédios e os exames. Então a gente está na expectativa de que realmente funcione, porque se pegar apenas s profissionais que estão aqui e dividir, nós vamos ficar na mesma situação e com o custo mais alto.

Pisos salariais

Francisco DessolesA grande reclamação dos prefeitos sobre os pisos, não é contra os pisos em si como falou Patriota, é que se criam os pisos e salários por decreto e não se dá as condições do prefeito manter esses programas.

Veja que tivemos o piso dos professores com promessa de que seria assim e assado e depois o Governo Federal até hoje não tem assumido a sua responsabilidade e os prefeitos hoje estão sem capacidade de investir na educação porque o salário está, no caso de Iguaracy consumindo 87% do Fundeb, quando deveria estar consumindo 60%. Então a situação dos prefeitos perante os pisos é essa, é que o Congresso dá esmola com o chapéu alheio, porque se o eles dissessem está aqui o piso e está aqui o meio de custear o piso nenhum prefeito estaria com chiadeira.

Zé PretinhoO que mais dificulta a gente é essa questão da contra partida, a gente não é contra o piso salarial de forma alguma, eu acho que se a gente pudesse pagar quanto melhor ao funcionário, aquele profissional seria melhor para que ele fizesse um trabalho melhor, ter mais condições de trabalhar, mas infelizmente nós temos essa dificuldade.

Dificuldades na gestão

Arquimedes machadoAssumimos a prefeitura em momento de muitas dificuldades, devido a esta seca enorme todos os municípios do Sertão e praticamente de todo Nordeste sofreram, tanto na cidade como na zona rural e também, isso atrelado à questão da diminuição de recursos. Esses dois fatores juntos afetam muito a gestão de cidade pequena como a nossa que sobrevivi apenas dos repasses do Governo Estadual e Federal, sem arrecadação própria.

Repasses do FEM

ArquimedesNós estamos investindo em um pedido da comunidade do bairro Santo Antônio, a pavimentação de duas ruas e também a construção de uma praça no Conjunto Habitacional Miguel Arraes de Alencar.

Dessoles Nós estamos projetando construir uma barragem de médio porte no Sítio Pau Leite e estamos fazendo pavimentação de ruas em Jabitacá e uma em Iguaracy, na verdade nesse segundo FEM nós tivemos um prazo muito curto para elaborar os projetos e a gente até poderia ter destinado mais recursos às atividades essenciais da população, como nós fizemos no anterior quando destinamos a maior parte pra reforma da unidade mista de Iguaracy, uma obra importante que está sendo concluída, mas esse FEM agora por conta do período eleitoral nós tivemos um curto espaço de tempo para elaborar os projetos e tivemos que recorrer aqueles projetos que já estavam bem encaminhados.

Zé Pretinhocomo em Quixaba nós tivemos muitas ruas sem calçar, então tanto na sede como em Lagoa da Cruz, vamos investi-lo todo para a conclusão de calçamentos em várias ruas.

Os prefeitos responderam a demandas vindas da população e ainda falaram sobre quem devem apoiar nas próximas eleições.

Ouça abaixo o Debate na íntegra:

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