Atrasadas, obras viárias devem ser entregues a um mês da Copa em PE
Prazo final já foi 2012 e depois 2013 – nova data para obra é maio de 2014.
Governo diz que desapropriações, licenças e licitações alteraram as datas.
Cinco obras de mobilidade necessárias para quem quer assistir aos jogos ou se locomover durante a Copa do Mundo 2014 no Recife (PE) estão atrasadas, em média, um ano. A seis meses do mundial, o governo de Pernambuco afirma que a data limite para entrega é o dia 15 de maio. O investimento total é de R$ 1,4 bilhão.
O G1 publica, entre 9 e 15 de dezembro, uma série de reportagens sobre os preparativos para a Copa do Mundo 2014. Segundo levantamento, 75% das obras de mobilidade estão atrasadas ou foram descartadas.
Pernambuco recebeu verbas do governo federal, por meio do PAC da Copa, para cinco obras viárias, entre corredores, terminais e avenidas.
Os corredores Norte-Sul e Leste-Oeste devem ser vias exclusivas para ônibus interligando várias cidades da Região Metropolitana do Recife. O Norte-Sul tem 33 quilômetros de extensão e, no último dia 11 de novembro, teve um trecho de 5 km liberado.
Apenas um trecho, no entanto, ficará pronto para a Copa, o que passará pela Cruz Cabugá até o Centro do Recife. O outro só deve ser concluído no primeiro semestre de 2015.
O Leste-Oeste tem 12,5 km de extensão, partindo da Praça do Derby até o Terminal Integrado de Camaragibe. A via terá um corredor exclusivo de BRT [Bus Rapid Transit]. Serão dois terminais integrados, 22 estações, três elevados, um túnel e um viaduto.
Um dos terminais, no entanto, deve virar alvo de uma ação civil pública, segundo o promotor de Meio Ambiente, Ricardo Coelho, que atuará junto com as promotorias de Saúde, Justiça e Urbanismo.
“O terminal fica dentro do terreno do Hospital Getúlio Vargas, muito próximo da UTI, da emergência, da urgência. Isso está causando prejuízos ao hospital, como barulho, poluição, trepidação. Hoje mesmo [dia 28 de novembro], soube que caiu parte do teto de um setor. Não vamos pedir suspensão da obra e nem, a princípio, a retirada do terminal, mas modificações no projeto”, afirma.
O secretário estadual das Cidades, Danilo Cabral, informou que só vai se manifestar quando o estado for notificado sobre a ação, mas disse que o projeto está com todas as licenças em dia.
Outra obra prevista é o Ramal da Copa no entorno da Arena Pernambuco, para facilitar o acesso ao estádio, que fica na cidade de São Lourenço da Mata, com 6,3 km de extensão. Em maio deste ano, o trecho interno ficou pronto. O externo tem previsão para março de 2014.
A Secretaria das Cidades afirma que o que atrasou a conclusão dos corredores e do trecho externo foram questões relacionadas a desapropriações de terrenos. “Os processos demoram e muitas vezes a Secretaria das Cidades precisa esperar a liberação da área para dar continuidade à obra”, informa em nota.
A Via Mangue, único projeto da Prefeitura do Recife, é aguardada por quem precisa se deslocar entre o Centro e a Zona Sul do Recife. Na primeira quinzena de novembro, o sistema viário chegou aos 77% de conclusão.
O TI Cosme e Damião está sendo instalado ao lado da estação de metrô no bairro da Várzea, na Zona Oeste. Segundo a Secretaria, faltam poucas etapas para a conclusão, como a instalação da coberta e a pavimentação da área externa.
A estação de metrô entrou em funcionamento durante a Copa das Confederações e acabou virando um retrato negativo da preparação de Pernambuco para os eventos esportivos.
O titular da Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo em Pernambuco (Secopa), Ricardo Leitão, afirma que a prioridade é concluir o corredor Leste-Oeste e o trecho externo do Ramal da Copa.
“O corredor terá BRT [Bus Rapid Transit], que levará o torcedor até o Terminal Integrado de Camaragibe e, de lá, ele pode pegar o metrô para a estação Cosme e Damião ou um circular direto para a Arena [Pernambuco], por meio do trecho externo do Ramal da Copa. Isso dará um novo acesso ao estádio, pela margem esquerda do Rio Capibaribe. Hoje, só há acesso pela margem direita, pela BR-408”, afirma.
“O peso político de uma não-conclusão [das obras] é enorme, e o governo do estado não vai correr esse risco”, afirma o especialista em transporte urbano César Cavalcanti, professor aposentado da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). “Minha expectativa é que a implantação desses corredores seja bem aplicada, com frotas e paradas bem dimensionadas, frequência dos serviços adequada à demanda. Se isso acontecer, dará nova forma de transporte à população”, avalia.
Leonardo Meira, professor da UFPE e especialista em transporte e mobilidade, afirma que é possível concluir as obras no tempo previsto. “Só que isso pode gerar mais custos, se eles já não estiverem previstos no orçamento”, avalia.
“Acredito que os corredores vão trazer benefícios, porque priorizam o transporte público; já a Via Mangue tem um conceito mais voltado para o automóvel particular, que transporta menor quantidade de pessoas, uma média de 1,17 por carro, enquanto um ônibus leva de 40 a 70 e um BRT, até 100. A preocupação tem que ser com o transporte de pessoas e não a quantidade de automóveis [que uma via suporta]”, diz.
Do G1