BR-232, uma rodovia retalhada, velha e escura. Cuidado se for pegar a estrada na Semana Santa

Do JC Online

Uma rodovia retalhada, velha e gasta. Sem sinalização e escura onde deveria ser iluminada. Essa é a atual situação da BR-232, rodovia duplicada há dez anos ao custo de R$ 460 milhões do governo de Pernambuco. Eixo troncal da rota da Semana Santa e dos espetáculos da Paixão de Cristo, que começam nesta sexta-feira (17/3), em Fazenda Nova, no Agreste, a rodovia exige muita atenção do motorista. Não está tão degradada como no ano passado, é verdade. Digamos que está menos ruim. Se percebe que tem recebido manutenção. Mas boa, não está. Por isso, o condutor não deve subestimar o perigo, mesmo se tratando de uma rodovia duplicada.

Para quem vai até o teatro ao ar livre de Nova Jerusalém, em Fazenda Nova, a BR-232 é a que merece mais atenção, até porque, dos 180 quilômetros que separam o Recife de Fazenda Nova, 134 são na rodovia Luiz Gonzaga, como foi batizada nos tempos de sucesso. Os buracos que a reportagem encontrou em 2015, também na época que antecede a Semana Santa, foram fechados com o improviso da operação tapa-buraco. A velha prática de jogar o asfalto sobre as placas de concreto se oficializou na rodovia, comprometendo a qualidade da circulação. Em muitas situações, a impressão é aquela conhecida dos motoristas pernambucanos de, ao andar numa estrada, pensa estar numa montanha russa.

Nos perímetros urbanos, a rodovia também tem problemas com a iluminação. Em Bezerros e, principalmente, em Gravatá, a escuridão predomina – perigo não só para motoristas, mas também para pedestres. “Mas pelo menos os buracos estão fechados, né? Poderia ser pior se nem isso eles estivessem fazendo”, resume o agricultor Romero Bezerra da Silva, 52 anos, que reside em Bezerros e diariamente vai ao Recife para tratamento médico da família. Não são apenas os buracos que foram fechados. A capinação também vem sendo feita pelo Departamento de Estradas de Rodagem de Pernambuco (DER-PE). “Tudo bem que sabemos que essa arrumação sempre acontece às pressas e em cima da Semana Santa, porque o movimento aumenta muito. Mas pelo menos está sendo feita. Agora, é verdade também que se em pouco tempo o governo não adotar uma solução definitiva para a BR-232, ela vai se acabar de vez”, alerta o agricultor, com a experiência de quem vive a BR.

E o sentimento do cidadão se confirma na prática. Percebe-se que a 232 está sendo mantida a duras penas. É apenas uma arrumação para que a situação não desande de vez. Até porque a solução definitiva, apontada pelo próprio governo estadual, seria a restauração da BR, ou seja, refazê-la. Na verdade, o governo de Pernambuco vinha tentando viabilizar o restauro, orçado, por baixo, ainda em 2015, em R$ 200 milhões – quase metade do valor gasto para duplicá-la. Mas o problema saiu das mãos do Estado para o governo federal, que incluiu a rodovia num pacote de possíveis concessões públicas, com a intenção de pedagiá-la.

“Estamos com um contrato de conservação desde o ano passado para manter a rodovia trafegável. Temos gasto entre R$ 5 e R$ 6 milhões por ano. Com a decisão da União, deixamos de lado o projeto de restauração, cuja elaboração estávamos tentando viabilizar. Agora, vamos esperar”, explicou o diretor de operações e obras do DER-PE, Silvano José. A BR-104, nos 45 quilômetros que separam Caruaru do entroncamento com a PE-145, que leva até Fazenda Nova, também merece atenção dos motoristas. A rodovia já está sem sinalização e escura nos perímetros urbanos. A obra, na verdade, foi abandonada pelas empreiteiras – uma delas citada na Operação Lava Jato – e até agora o Estado tenta retomar os trabalhos e cobrar a dívida das construtoras.

Já a PE-145 nem deveria ser chamada de rodovia. Não tem buracos – eles foram fechados recentemente para a Semana Santa –, mas é o resto do resto de uma estrada, com um pavimento totalmente gasto. Por isso, calma e atenção na hora de pegar a estrada. E, se possível, evite trafegar à noite.

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