Caçador de tesouros busca ouro nas praias de Pernambuco
Do Diário de Pernambuco
O anel de ouro pesava 12 gramas. Cravado nele, um diamante. A joia brotou da areia do mar, depois de sabe-se lá quanto tempo perdida. Naquele dia, o caçador de tesouros deu um dos sorrisos mais largos de sua vida. Vendeu a preciosidade e recebeu dinheiro suficiente para sustentar a mulher e quatro filhos pequenos durante meses. A história do carioca Iguatemi Gonçalves de Souza, 47, e sua busca incansável pelo ouro no litoral pernambucano, começou durante um passeio despretensioso na praia.
A cena era aparentemente simples, mas Iguatemi, engenheiro mecânico formado pela Unisinos, no Rio Grande do Sul, não segurou a curiosidade. “O que você está cavando?”, perguntou a um desconhecido que mergulhava e, em seguida, cavava. “Procuro objetos perdidos”, revelou. Desempregado, Iguatemi enxergou ali uma forma de fazer dinheiro. Se tivesse um detector de metais, além de sorte, talvez fosse mais bem sucedido que aquele homem.
Inicialmente, ele comprou um aparelho que não era à prova d’água e limitou suas pesquisas à areia seca. Depois, adquiriu outro, capaz de operar na água. Com parte do dinheiro da venda do anel de 12 gramas e diamante, investiu em um detector profissional, com capacidade para mergulhar até 63 metros. E os achados se multiplicaram.
Hoje, Iguatemi leva a vida mergulhando em busca de tesouros perdidos no Litoral Sul, onde vive desde abril do ano passado. Em alguns dias, chega a ficar 12 horas no mar, muitas vezes de madrugada, na maré baixa. Antes disso, viajava o país na função de supervisor de montagem industrial. “Com essa auditoria na Petrobras não estão contratando. Na verdade, estão demitindo”, lamenta o engenheiro, que acumula no currículo uma pós-graduação na Unicamp em terminologia de soldagem, além de passagem por Suape, onde trabalhou durante seis meses.
As alianças de ouro são os principais achados do caçador de tesouros. No dia em que o Diario acompanhou Iguatemi na praia de Muro Alto, em Ipojuca, ele localizou em pouco tempo três alianças de ouro. Uma delas pesava sete gramas e foi avaliada em R$ 560.
Objetos antigos e raros também chegam às mãos dele. Um exemplo é o anel em ouro de 1736 – que diz ter pertencido a um pirata – composto por uma caveira com dois olhos de rubi. Moedas antigas, do século 18, ele guarda. “Estou pensando agora em negociar com colecionadores.”
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Mas o detector de metais também avisa dos dejetos jogados ao mar. Os lacres de garrafas de alumínio são vendidos pelo filho de 14 anos. As tampinhas plásticas ganham o destino correto: o lixo. Iguatemi confessa ser viciado no que faz, mas deseja um emprego fixo. “Queria ir para o mar como hobby. Sonhava com aqueles garimpeiros em Serra Pelada. O que ganho hoje é uma incógnita”, desabafa. Morador de uma casa simples em Ipojuca, a vida do caçador de tesouros não é tão fácil quanto parecem ser seus achados.