Caso Evandeilson: delegado diz que motivação pode ter sido dívida
Por André Luis
Completando dois meses e onze dias à frente da 167ª Delegacia de Polícia de Afogados da Ingazeira, o delegado Ubiratan Rocha, participou nesta quinta-feira (24) no Debate das Dez da Rádio Pajeú, onde fez uma avaliação de sua gestão e falou sobre crimes de maior repercussão como o assassinato de Neguinho da Caravam que teve dois suspeitos de participação presos no dia de ontem, sendo inclusive um deles um dos mandantes do crime e o caso do desaparecimento de Evandeilson Lima, um caso delicado para a população de Afogados da Ingazeira. Ouça abaixo a íntegra do debate:
Evandeilson Lima está desaparecido desde o dia 23 de fevereiro, a família demonstrou preocupação com o seu desaparecimento e começou a procurar no dia 25 de fevereiro. Ontem completou três meses do desaparecimento de Vando [como era conhecido Evandeilson] e de lá pra cá muita coisa aconteceu, muitos rumores dos mais variados tipos surgiram sobre o seu desaparecimento.
Praticamente um mês depois do desaparecimento de Vando, mais precisamente no dia 20 de março Cicero Robson, sendo identificado como a última pessoa que manteve contato com Evandeilson no dia de seu desaparecimento, falou à Pajeú, pela primeira sobre o caso e apresentou as suas versões.
O delegado Ubiratan Rocha, em sua primeira entrevista após assumir o cargo na 167ª Depol, falou pela primeira vez sobre o caso, na oportunidade disse ainda estar ficando a par da situação, mas firmou empenho para desvendar o caso.
Nesta quinta-feira (24), o delegado Ubiratam relembrou que falou em sua primeira entrevista à Radio Pajeú sobre o caso, que o foco seria as razões do desaparecimento. “O que eu queria saber era o que havia acontecido para que Evandeilson desaparecesse, não havia nenhuma tendência em cima do suspeito hoje réu, Cícero Robson”, explicou.
Rocha informou que houve um levantamento total de investigações técnicas e inquirições de Cícero para que pudesse culminar na prisão temporária dele [Cícero Robson] no dia 22 de março. E que no prazo de trinta dias da prisão temporária, foram solicitadas perícias técnicas onde foram achadas manchas sendo possivelmente de sangue no carro e na casa de Cícero, além de que a perícia técnica comprou claramente várias contradições em suas declarações.
“As perícias técnicas desmentiram Cícero Robson na declaração dele que disse ter ido pra casa sozinho, de um primeiro momento ele mentiu em relação ao trajeto que fez, em um segundo momento ele mentiu em relação a quantidade de pessoas que estavam dentro do carro e num terceiro momento ele mentiu dizendo qual era o real vínculo dele com Evandeílson”. Então todas essas mentiras essas contradições foram demonstradas ao Ministério Público e ao poder judiciário, circunstância que motivaram a prorrogação dessa prisão temporária dele por mais trinta dias”, informou o delegado.
Ubiratan também informou que foi solicitado a quebra dos sigilos fiscal e bancário dos envolvidos, mas que ainda não haviam chegado. “Tenho praticamente certeza de que esses dados vão corroborar a nossa causa, ao nosso motivo do homicídio, que foi uma dívida contraída”, informou Ubiratan, dizendo não poder dar mais detalhes sobre a dívida, pois há sigilo em relação a isso.
Ubiratam disse que Cícero Robson manteve o silencio durante todas as ouvidas, se reservando o direito de ficar calado e aproveitou para explicar que não há nenhuma tendência contra o suspeito.
Com relação a falta do corpo, Ubiratan disse que a tecnicidade das informações informações colocadas dentro dos autos do inquérito policial são perfeitas. “É um trabalho técnico da Policia Civil, um trabalho que desfechou em um primeiro momento que era o relatório, pra gente transformar o Cícero Robson em réu, porque existia elementos de informação contra ele, mas só que as investigações não vão findar, o promotor Dr. Júlio César, eu tenho certeza que ele vai solicitar outras investigações e elas vão continuar”, disse.
Ubiratan disse ainda acreditar na participação de outras pessoas e garantiu que o trabalho da Polícia Civil foi feito de maneira “correta, ilibada, proba e imparcial.
Questionado sobre o que poderia ser apresentado com segurança de que Cícero Robson é autor de um homicídio duplamente qualificado contra o Evandeilson, Ubiratam disse que são as provas técnicas que provam que o acusado mentiu, que dizem que ele não estava sozinho e comprovam as suas contradições.
Ubiratan informou que a comprovação de que Cícero não chegou sozinho em casa foi através de uma câmera, que foi descoberta pela perícia, e que a perícia fez uma simulação que comprova de forma clara que Cícero mentiu com relação a esta informação.
O delegado explicou que Cícero Robson já é tratado como réu no processo e que já existe uma denúncia do Ministério Público representado pelo promotor Júlio Cesar. “Existe um parecer positivo do Ministério Público e uma decisão judicial de prisão preventiva dele, ele é tratado como réu, cabe ao Ministério Público agora requisitar novas diligências, ou se não, já dar desenvolvimento a primeira parte do sistema bifásico do Tribunal do Júri, que é a parte que vai até a pronuncia, que é como se fosse uma decisão pra ver se ele está apto ou não à ir ao Tribunal do Júri, através de elementos de informações de provas colhidas pelo juiz no monocrático, passado essa fase de pronuncia, se ele for pronunciado é que ele vai pro Tribunal do Júri”, explicou.
Ubiratan explicou que indiciou Cícero Robson por homicídio duplamente qualificado por motivo fútil e de maneira dissimulada, por acreditar ter tido planejamento para o crime, além desses, o delegado informou ainda que indiciou o réu por fraude processual, “o que foi comprovado pela perícia” e ainda por ocultação de cadáver.
O delegado destacou que todas as teses acima foram confirmadas, aceitas e corroboradas pelo Ministério Público em sua denúncia. Disse ainda acreditar em encontrar o corpo com a colaboração do réu que pode ter a pena diminuída se colaborar e descartou o esquartejamento do corpo da vítima para facilitar a ocultação.