Cresce prejuízo de agricultores por conta do corte d’agua na zona rural de Petrolina

Agricultores familiares das zonas de sequeiro já amargam prejuízos com a falta de água em 20 comunidades rurais próximas ao Projeto Pontal, em Petrolina, no interior de Pernambuco. O revés mais recente veio da 3ª SR Codevasf, que cortou o abastecimento hídrico há pelo menos 70 dias.

Os mais atingidos pela ação foram os agricultores dos distritos de Cumprida, Lajedo, Lagoa da Pedra, Welson Maciel, Amargosa, Rio Pontal, Lagoa dos Cavalos, Manga Nova e Federação, após representantes da Codevasf iniciarem uma luta na Justiça contra acampados do Pontal, requerendo a desocupação das terras. Embora não estejam dentro da área ajuizada, os moradores dessas comunidades passaram a sofrer com o corte d’agua.

Os pequenos agricultores dizem estar perdendo a plantação e tendo de racionar água para produção e consumo. Eles protestaram nesta quinta-feira (26) diante da prefeitura, dentro da Câmara Municipal e na 3ª SR Codevasf. Cerca de 150 pessoas participaram do ato.

“Não estamos aqui fazendo politicagem, mas lutando por uma categoria que elegeu muitos vereadores desta Casa. Então temos todo o direito de cobrar posicionamento de cada um de vocês”, rebateu a presidente do Sindicato dos Agricultores Familiares de Petrolina (Sintraf), Isália Damacena, a um comentário do presidente da Câmara Municipal, Osório Siqueira. Durante o protesto, o parlamentar interrompeu a fala da sindicalista afirmando que ela “jogava para a plateia”, tentando deixar a opinião pública contra os vereadores.

Mesmo a Codevasf sendo de âmbito federal, lideranças do Sintraf e do Conselho de Usuários do Pontal Perenizados e Adjacências (Consul) acreditam que as esferas municipal e estadual poderiam intermediar um diálogo e, com isso, solucionar o desabastecimento – o que os fez procurarem o prefeito, Miguel Coelho, e os vereadores da base e oposição.

Ao se deslocar para a sede da 3ª SR Codevasf, o grupo de agricultores encontrou os portões fechados. Após uma negociação, dez representantes de comunidades conseguiram um encontro com o superintendente da companhia, Aurivalter Cordeiro, que pediu prazo de 20 dias para religar o abastecimento de água. “Ele também abriu a possibilidade para uma discussão sobre a perenização dos riachos e a permanência dos usuários das áreas Lindeiras (às margens do Pontal)”, contou Isália.

“Devido às chuvas que tivemos, a falta d’agua estava sendo contornada, mas agora já estamos tendo grandes prejuízos na fruticultura. Eu estou racionando, mas tenho vizinhos que estão perdendo a plantação, murchas de sede. Esperamos que esses protestos tragam algum resultado”, desabafou o agricultor do distrito de Lajedo, Fábio Jr. de Lima Silva, 34 anos, que não soube dizer o quanto já perdeu com a crise.

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