Declaração do IR também pode ser oportunidade de aplicação financeira
Contribuinte pode optar por declarar no fim do prazo e receber juros.
Opção é financeiramente vantajosa para quem não tem dívidas bancárias.
A declaração do Imposto de Renda também pode uma oportunidade para os contribuintes que têm direito à restituição, mas não precisam logo dos recurso e que não possuam dívidas bancárias – nas quais incidem juros mais altos – realizarem uma aplicação financeira.
Se optarem por entregar a declaração do IR no final do prazo, mais próximo do dia 30 de abril, por exemplo, sem erros ou omissões, o contribuinte tende a receber a restitiução do Imposto de Renda somente nos últimos lotes do IR – pagos em novembro ou dezembro.
Até lá, os valores serão corrigidos pela taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, atualmente em 10,5% ao ano – e com tendência de alta durante 2014. A previsão dos economistas do mercado financeiro é de que os juros fixados pelo Banco Central teminem este ano em 11,25% ao ano.
“Tem que ver se a pessoa precisa desse dinheiro ou não. Têm bancos que oferecem linha de crédito para antecipar, que eu não aconselho porque o juro é alto. Se a pessoa não precisa do dinheiro, pode ser uma boa opção”, avaliou Fabio Colombo, administrador de investimentos consultado pelo G1.
Comparação com aplicações financeiras tradicionais
Além de receberem a variação da taxa Selic, os contribuintes que demorarem um pouco mais para apresentar a declaração do IR também são isentos do próprio Imposto de Renda – o que não ocorre quando os valores são aplicados em fundos de renda fixa (nos quais também são cobradas taxas de administração) ou no próprio Tesouro Direto (programa do governo de venda de títulos públicos pela internet).
A “aplicação” financeira proporcionada pela entrega da declaração do IR no fim do prazo, caso os contribuintes tenham direito à restituição, também é mais vantajosa do que receber os valores nor primeiros lotes e colocar os recursos na caderneta de poupança.
Esta modalidade, apesar de também ser isenta do IR e de não possuir taxa de administração, rende pouco mais de 6% ao ano.
Ganho acima da inflação
Os juros básicos da economia, por sua vez, estão acima de 10% ao ano. Com isso, esta “aplicação” proporcionaria um ganho real – ou seja acima da inflação. Nos últimos quatro anos, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), utilizado no sistema de metas de inflação brasileiro, oscilou ao redor de 6%. Para 2014, a expectativa dos analistas é de que fique novamente neste patamar.
Para quem é vantajoso
Esse tipo de “aplicação” de recursos (entregar o IR mais no fim do prazo para receber Selic), porém, só é financeiramente vantajosa, segundo o cálculo de economistas, caso o contribuinte não possua dívidas bancárias – nas quais os juros sempre são mais altos do que o rendimento proporcionado pelos taxa básica da economia brasileira.
Uma das modalidades de empréstimo mais baratas ofertada pelos bancos, por exemplo, é o chamado crédito consignado (com desconto em folha de pagamento), utilizado principalmente por aposentados e servidores públicos. Neste caso, a taxa cobrada fechou 2013 em 24% ao ano.
No caso do cheque especial e do cartão de crédito rotativo, os juros são considerados proibitivos por especialistas, uma vez que somam, respectivamente, cerca de 140% ao ano e 190% ao ano. Estas modalidades devem ser utilizadas somente em caso de muita necessidade e por períodos curtos.
“Se o contribuinte tem divida bancária, talvez não valha a pena deixar para declarar mais para o final do prazo”, avaliou Fabio Colombo, lembrando que, quando as pessoas precisam dos recursos, é mais vantajoso entregar a declaração logo que o prazo é aberto para tentar receber a restituição mais rapidamente também.