Delcídio cita Renan Calheiros e Aécio Neves em delação, diz jornal

A delação premiada do senador Delcídio Amaral (PT-MS) contém referências a parlamentares integrantes das cúpulas de PMDB, PSDB e PT, segundo informações obtidas pelo jornal Folha de S.Paulo. Entre os nomes estariam o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), Edison Lobão (PMDB-BA), Romero Jucá (PMDB-RR) e Valdir Raupp (PMDB-RO) — todos já investigados em inquéritos da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF).

Delcídio teria feito também referências ao senador Aécio Neves (PSDB-MG), já citado pelo doleiro Alberto Yousseff e pelo transportador de valores Carlos Alexandre Rocha, o Ceará, mas os procedimentos com menções ao presidente do PSDB foram arquivados.

Segundo a Folha, a reportagem não teve acesso ao contexto do suposto envolvimento dos políticos mencionados. Investigadores da Lava-Jato devem analisar, a partir de agora, se os fatos atribuídos aos senadores têm indícios mínimos para justificar a abertura de um inquérito.

Na semana passada, a revista IstoÉ publicou trechos do depoimento de Delcídio em que o petista afirma a investigadores que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva — alvo da 24ª fase da Lava-Jato na última sexta-feira— e a presidente Dilma Rousseff se envolveram diretamente em tratativas para atrapalhar o andamento das investigações sobre desvios na Petrobras.

O depoimento do senador ainda está na Procuradoria-Geral da República (PGR), aguardando um ajuste solicitado pelo relator dos processos da Operação Lava-Jato no STF, ministro Teori Zavascki, que deverá homologar a delação premiada de Delcídio.

Delcídio Amaral foi preso sob acusação de tentar obstruir as investigações da Lava-Jato. Ele ofereceu R$ 50 mil por mês e um plano de fuga para que o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró não fechasse acordo de colaboração com o Ministério Público. O filho de Cerveró gravou a conversa e entregou o áudio à Justiça, o que resultou na prisão em flagrante do senador. Segundo a reportagem da revista IstoÉ, Delcídio teria dito que tomou a iniciativa a pedido do ex-presidente Lula.

O parlamentar ficou quase 90 dias e foi solto no último dia 18, sob condição de fazer recolhimento domiciliar, podendo sair de casa apenas para trabalhar no Senado. Delcídio nem chegou a retornar à Casa legislativa, porque apresentou o pedido de licença médica logo em seguida. Na última sexta-feira, dia 4, ele pediu mais 15 dias de licença.

Contrapontos: De acordo com a Folha, a assessoria de Aécio Neves afirmou que não iria comentar a citação pela falta de “informação concreta” sobre o envolvimento do senador com Delcídio. Valdir Raupp afirmou que recebe com “estranheza” a informação de que teria sido citado. Os demais senadores, segundo a reportagem, não foram localizados e a assessoria do petista disse desconhecer a delação.

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